24 de abril de 2012


postado em setembro de 2011

II ManiFesta! Festival das Artes


Atenção Manifestantes de todas as artes, é com grande prazer que anunciamos:

Estão abertas as inscrições do II ManiFesta! Festival das Artes, que será realizado dia 19 de novembro - uma ocupação multicultural do Dragão do Mar com arte por toda parte! A partir de 14h da tarde, atravessando a noite, até o sol raiar no dia seguinte...

Neste ano, o festival será realizado nos diversos espaços do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, SESC Iracema e espaços urbanos dos arredores. Todos que queiram apresentar sua arte no ManiFesta!, podem participar: artistas, coletivos, grupos e bandos, em companhia ou solo, que se manifestem através de músicadançateatroperfomancecircoartesplásticasinstalaçõecinemafotografialiteraturaculináriapoesiaartesanato& etc.


Todos os artistas que fizerem parte da programação desta edição, terão seu trabalho registrado no *DVD ManiFesta! Ceará*, uma coletânea de tudo que anda sendo realizado de arte por aqui. Este DVD será distribuído nacionalmente para redes de produtores, críticos e curadores, secretarias de cultura, casas de shows, rede SESC e tudo mais por onde pudermos difundir nossas produções.

Para se inscrever, acesse nosso site http://www.manifestafestival.art.br
Leia o *Manifesto Um* e a *Provocatória *para ficar por dentro da proposta desse ano. Vamos sacudir a estrutura do Dragão do Mar com essa maratona artística!

Cheguem junto

ManiFestem-se!

postado em setembro'2011
Música x Fome

A história do selo musical Putumayo World Music é a historia do seu criador: Dan Storper. Em 1973, após terminar seus estudos na Universidade de Washington em Saint Louis, onde se formou em sociologia na área de estudos latino-americanos, logo após fez uma viagem para Colômbia, Equador, Peru e Bolívia, países sobre os quais havia estudado de forma especial. Encantou-se particularmente pela beleza do vale colombiano do Putumayo, que também é nome de um rio amazônico que nasce numa reserva natural dos Andes colombianos, cruza o Equador, o Peru e desemboca no Brasil até chegar ao Rio Amazonas. Fascinado pelo artesanato da região, Dan decidiu abrir uma loja em Nova Iorque obtendo grande sucesso. Em 1985 começou a desenhar roupas com estilo indígena e passou a ter entre seus clientes Jane Fonda e Mia Farrow. A trilha sonra das lojas era basicamente de música lati e artistas americanos iniciantes e com o tempo as músicas começaram a chamar mais atenção dos clientes que a própria mercadoria exposta nas lojas.



Seis anos depois, em São Francisco, ao assistir ao concerto da banda africana Kotoja teve a idéia de lançar o selo Putumayo. Em 1997 Dan vendeu as lojas de roupa e passou a se dedicar integralmente à edição de músicas com base numa forte tendência étnica. Contratou o artista naif Nicola Heindl cujo estilo folclórico e contemporâneo inovou o mercado discográfico. Em 1998 gravou seu primeiro artista próprio, Ricardo Lemvo e em 2001 a Putumayo recebeu a sua primeira indicação para o Grammy por "Homeland" de Miriam Makeba.

A gravadora é considerada uma liderança pioneira no desenvolvimento de marketing não tradicional. Grande parte do seu público-alvo consiste em "Criativos Culturais", uma expressão sociológica de estilo de vida para 50 milhões de estadunidenses e milhões de outros ao redor do mundo. Para atingir esses consumidores, a Putumayo construiu uma rede própria composta por mais de 3.000 livrarias, lojas de presentes, cafés e outros pontos de vendas especializados que tocam e vendem seus CDs, enquanto mantém uma forte presença em lojas de discos. Segundo a vice-presidente da empresa, a brasileira Candice Vargas, "o faturamento com o mercado estadunidense é 40% do faturamento anual da empresa, outros 20% vêm da Europa, e 40% das outras regiões do mundo. Principalmente Canadá, Oceania, e América Latina". Entre seus lançamentos mais vendidos no mundo estão os CDs "Cuba", "Arabic Groove", "Music from the Coffee Lands" e "French Café".

A divisão Putumayo Kids foi criada no final de 2002 para introduzir as crianças em outras culturas através de música alegre e divertida. A série World Playground de CDs infantis e pacotes de atividades multiculturais receberam diversos prêmios.Desde 1993 a Putumayo, que faz parte do "Business For Social Responsibility, Social Venture Network" e do "Business Leaders for Sensible Priorities", doa parte de seus lucros (um por cento de suas vendas) a organizações que realizam obras nas comunidades de onde se originam as músicas editadas. Uma das instituições favorecidas é "Ação contra a Fome" (Action Against Hunger), uma organização internacional de ajuda e desenvolvimento destinada a resguardar a vida de crianças e famílias desnutridas facilitando para elas o acesso sustentável à água potável e na busca de soluções de longo prazo contra a fome. Outras entidades favorecidas são "Oxfam", "Terre des Hommes", "Search for Common Ground", "Cruz Vermelha", "Amnesty Internacional", entre outras. Mais recentemente associou-se a "Slow Food" uma instituição internacional que trata de implantar um sistema alimentar mundial baseado nos princípios de alta qualidade e sabor, sustentabilidade ambiental e justiça social. Putumayo também faz parte do Terra Madre", um fórum mundial de debates para a produção de alimentos sustentáveis do qual Frei Betto é um ativista notório.



Atualmente, a distribuição dos seus CDs se dá em mais de 50 países, incluindo o Brasil, que volta a ter uma sede regional instalada no Rio de Janeiro.

"A música existe para nos ajudar a superar problemas"
DAN STORPER

Entre os mais de 100 títulos que constam no catálogo da gravadora, pode-se encontrar canções de ilustres desconhecidos como Jamed ou Adama Yalomba e de outros artistas já consolidados como Habib Koité e Miriam Makeba. É, na verdade, um trabalho de "arqueologia sonora" comandado por Storper e por sua vice-presidente, Candice Vargas - uma baiana de Salvador, hoje radicada em Nova York. Storper passa boa parte do ano viajando. Marrocos, Costa Rica, Senegal, África do Sul e Grécia estão entre os destinos visitados. Grooves asiáticos, salsa ao redor do mundo, canções judaicas ou de lounge europeu são algumas das tendências e estilos garimpados nas visitas e que construíram a fama e o prestígio do selo.



É difícil definir o que é world music. Mas pode-se dizer que é o gênero musical da diversificação e da valorização das culturas originais de cada país. É a tendência de vanguarda nos principais centros culturais do mundo. Os mais radicais diriam que a world music é tudo aquilo que não é pop, jazz ou rock, produzido nos E.U.A e na Inglaterra.
Dentro deste conceito, o selo Putumayo inova ao quebrar as fronteiras e trazer a riqueza do blues norte-americano, bem como os sons exóticos do Oriente Médio. Mas é a África que rende grande parte do acervo musical da gravadora.


postado em setembro de 2011

A Bienal vai mal de música


Dando um caprichado rolé pela bienal RJ, senti quase uma total ausência de livros sobre música, não exatamente a nível técnico/didático, mas aqueles que abordam o aspecto histórico, crítico ou analítico da questão, para não dizer que não encontrei nada, achei uma revista que tratava da
história do Jazz e o fantástico livro de Hugo Sukman "Histórias Paralelas: 50 anos de música brasileira", lançado pela editora Casa da Palavra.

Então fica aqui registrado o protesto do P & M pela "astenia" lítero-musical da bienal. E só por isso vão aí algumas dicas do blog para os interessados no assunto, já que no Rio Centro vão dar com os burros n'água.


Nada Será Como Antes - Mpb nos Anos 70 - 30 Anos Depois
Ana Maria Baiana
Editora: Senac RJ


O Livro de Ouro da Mpb
Ricardo Cravo Albin
Editora: Ediouro - Sinergia


Tons Sobre Tom
Tarik de Souza
Editora: Revan


Abc da MPB
Jorge Fernando dos Santos
Editora: Paulus


Cartola, Os Tempos Idos
Marília Trindade Barbosa e Arthur de Oliveira
Editora: Gryphus


Com Esses Eu Vou...de a a Z, Crônicas e Perfis da MPB
Luis Pimentel
Editora: ZIT


História Sexual da Mpb - A Evolução do Amor e do Sexo na Canção
Brasileira
Rodrigo Faour
Editora: Record

Os 100 Melhores CDs da MPB
André Domingues
Editora: Sá Editora


Escolas de Samba de Portugal, o tripé afro-luso-brasileiro
Marília Trindade Barbosa
Editora: Gryphus


A MPB em Discussão - Entrevistas
Santuza Cambraia Naves, Frederico Oliveira Coelho e Tatiana Bacal
Editora: UFMG


A MPB em Movimento - Musica Festivais e Censura
Ramon Casas Vilarino
Editora: Olho d'água


Brazilian Play Along - Mpb - Vol. 1
Vários
Editora: Free Note


MPB - Caminhos da Arte Brasileira Mais Reconhecida no Mundo
Roberto M. Moura
Editora: Irmãos Vitale


A Era dos Festivais
Zuza Homem de Melo
Editora: 34


MPB de Conversa em Conversa
José Roberto Santos Neves
Editora: Mauad


Teologia e MPB
Carlos Eduardo B. Calvani
Editora: Loyola


Som Nosso de Cada Dia
Tarik de Souza
Editora: LP&M


História da Música no Brasil
Vasco Mariz
Editora: Nova Fronteira


Padeirinho da Mangueira: Retrato Sincopado de um Artista
Franco Paulino
Editora: Hedra


Violão e Identidade Nacional
Marcia Taborda
Editora: Civilização Brasileira

Por Mario Medella

postado em agosto de 2011


RELATÓRIO BACK2BLACK RJ (primeiro dia)

Na noite de sexta-feira (29), a Estação Leopoldina escolheu roupa de gala para o primeiro dia do Back2Black Festival . Ao adentrar na estação desativada, você logo dá de cara com uma série de retratos lindos, ampliados em tamanho giga feitos pelo Lost.art. Passadas as catracas, o impacto dos milhares de balões coloridos impactavam quem voltasse os olhos para o alto - trabalho da renomada dupla de street art, Os Gêmeos.

E a hora era de fazer a volta de reconhecimento. Na plataforma de embarque, os antigos trens se transformaram em obras de arte a céu aberto, inteiramente grafitadas. Eles estavam acompanhados, espertamente, por lugares para sentar e descansar as pernas, além de barraquinhas para matar a fome com um acarajé, um crepe ou um cachorro quente.

Um dos vagões ganhou espelhos em toda sua extensão. O do meio, uma livraria que também vendia CDs e vinis dos grandes artistas negros e o último, um estúdio animadíssimo, cheio de gente querendo mostrar seus talentos musicais. À frente, alguns outros vagões viraram bilheterias, integrando todo o complexo Back2Black 2011.

Do lado esquerdo, o Palco Compacto Petrobrás só era compacto no tamanho: a animação foi enorme e o pessoal, mesmo com a garoa fina que ia e voltava, dançou juntinho as músicas da Tono. O xaxado elegante de Nicolas Krassik e os Cordestinos também foi motivo para o requebrar de quem estava presente.

O Back2Black também é lugar de bate-papo bacana e assim foi a conversa com Wael Ghonim, direto de Dubai, em transmissão via satélite. Wael ficou conhecido depois de criar a página "We are All Khaled Said" (Todos nós somos Khaled Said). O motivo veio após saber que Khaled Said, um jovem como ele, havia sido morto pela polícia de Alexandria.

Os desdobramentos da reação do governo ao criador da página no Facebook, e a ela em si, além das manifestações organizadas a partir das redes sociais, culminaram na derrubada do regime de Hosni Mubarak, no Egito. Quem também esteve na conversa foi Jamila Raqib, membro do Albert
Einstein Institute, que se preocupa em disseminar práticas de resistência não-violentas, uma das opções ao terrorismo.

Depois da conversa, quem veio ao palco direto de Portugal foi a fadista portuguesa Ana Moura, que emocionou os presentes com sua presença de palco sensual e voz fortíssima. Além de alguns de seus sucessos e versões inusitadas, como uma música dos Rollling Stones, Ana proporcionou generosos duetos com Gilberto Gil, em músicas como "Fado Tropical", "A Novidade" e "Sítio do Pica Pau Amarelo".


Na sequência, vieram os músicos do Tinariwen, uma banda da etnia Tuareg, nômade, que faz um som que é quase que só deles: o desert guitar. Eles já animaram festivais na Europa, considerados roqueiros e desembarcaram no Brasil para o Back2Black. Aqueles homens de turbante fazem um som surpreendente, energizante e dançante, do tipo que levanta múmia da
tumba.

E então veio ela, a grande atração da noite: Macy Gray. Com sua banda mais do que carismática - dava vontade de ficar amigo de todos eles - e super competente. A gente precisa falar sobre o surpreendente setlist? Toda vez que Macy Gray voltava para o palco, a impressão era de que
havia shows diferentes. Estavam presentes, claro, hits como "I Try", "Why Didn't You Call Me", "Kiss It", "Glad You're Here", "That Man", além de versões surpreendentes, e não menos competentes, como "Creep" (do Radiohead), "Groove is in the Heart", de Deee-Lite e até "Nothing Else Matters", do Metallica.

Quase como um recado da diva: "Durmam com esse barulho!". Pois dormimos e acordamos com vontade de mais Macy.




RELATÓRIO BACK2BLACK RJ (segundo dia)


Sábado aconteceu o dia 2 do Back2Black Festival . O primeiro show da noite foi o debate sobre ecologia, com convidados de peso: Graciela Chichilnisky, matemática e economista argentina, autora do termo "desenvolvimento sustentável"; Marina Silva, o principal nome quando se
fala em "política verde" no Brasil e candidata a presidente no ano passado; Daniel Cohn-Bendit, um dos porta-vozes das manifestações populares de maio de 68 e, hoje, congressista europeu ligado às causas verdes. Eles foram mediados por ninguém menos que Fernando Gabeira, que
participou da luta contra o regime militar no país e é membro-fundador do Partido Verde.

Marina não se considerou uma pessimista sobre o caminho que as políticas verdes têm tomado mas, sim, uma persistente. Daniel Cohn-Bendit, em tom de brincadeira, se disse surpreso com os 20% que Marina conseguiu de votos, devido ao tempo menor de exposição da candidata no horário político. Os dois pontuaram que o caminho verde é o mais difícil, pois depende de uma mudança de atitude da população, de enxergar o mundo que eles querem deixar para seus filhos. A conclusão foi de que os problemas econômicos sempre ficam à frente dos problemas ecológicos.


Porém, Marina sente um movimento à borda, como os movimentos que derrubaram regimes totalitários no Egito e na Líbia. Para ela, as pessoas têm que tomar mais o papel de protagonistas e parar de achar que o problema da corrupção ou o novo código florestal são problemas dos políticos, e não delas. E disse mais: a internet está aí como uma ferramenta para fazer com que a voz das pessoas seja escutada e até usou o exemplo de sua votação de 20% ter levado a eleição para o segundo turno, contrariando as previsões.


E o papo sério não ficou apenas restrito ao debate inicial: quem tomou conta do palco depois foi a cantora malinesa Oumou Sangaré, cujas canções têm uma forte carga política de defesa ao direito das mulheres. O show eletrizante sacodiu a Leopoldina e, mesmo com a barreira linguística, fez com que o público cantasse com ela a canção "Wele Wele", um de seus hits, que tem como principal tema os casamentos forçados no país da cantora, Mali.


Na sequência, com "I Feel For You", quem tomou conta do palco com sua nobreza funk, R&B e disco pesado foi Chaka Khan. Com seus agudos praticamente inconcebíveis e hits que foram do romântico a super dançantes, a cantora fez Estação Oi inteira dançar. Tinha gente dançando até do lado de fora, tamanho o alcance vocal de Mrs. Khan. Em "Thought the Fire", ela pediu para o pessoal acender os isqueiros. Então, contou sobre uma época de "menina má", quando deixava as filhas com a mãe e sequer atendia as ligações. Um tempo que ficou para trás, com certeza. O show todo foi emocionante, que terminou incandescente, com todo mundo
cantando junto "I'm Every Woman".


Para fechar, ninguém mais, ninguém menos que Jorge Ben Jor, para animar a festa. Existe alguma música dele que, mesmo sem ter um disco em casa, a gente não pense que já ouviu em algum lugar? Caetano Veloso estava presente e, nesse clima "está tudo em casa", Jorge Ben chamou e Caê subiu, agraciando o público com um dueto de reis, com a canção "Ive Brussel". E foi nesse clima festivo que Jorge Ben Jor fechou este segundo dia de Black2Black, cheio de hits para cantar junto, com direito a marchinhas de carnaval e tudo.




RELATÓRIO BACK2BLACK RJ (terceiro dia)


No domingo (28), aconteceu o 3º dia do festival Back2Black e o debate foi sobre uma das principais questões da sociedade: o futuro das comunidades. Como convidados, tivemos o holandês Nanko van Buuren, o antropólogo Luiz Eduardo Soares, Suely Carneiro - o maior nome do feminismo negro no Brasil - e mediação de Paulo Lins, autor do livro Cidade de Deus.

Van Buuren é o fundador do Instituto Brasileiro de Inovações em Saúde Social (IBISS), que atua em 11 áreas de risco no Rio de Janeiro e comentou a ineficácia das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). Luiz Eduardo Soares completou dizendo que isso acontece pois as comunidades
temem e não confiam nos agentes. A contribuição de Suely veio com um comentário sobre a cultura negra ser vista de forma folclórica em suas raízes, e como tem sido embranquecida na contemporaneidade. Para Suely, o preconceito contra o negro deve ser assumido, de forma a democratizar a sociedade.


Retiradas as cadeiras da palestra, surgiu Asa, de vestido vermelho e óculos gigantes de aro grosso, dando a impressão que ela fora teletransportada direto dos anos 60. Porém, música a música, Asa provou que seu som de influência negra, com um perfume do passado, tem tudo a
ver com o agora, como tantas de Amy Winehouse, Janelle Monae e o próprio Aloe Blacc, que se apresentaria a seguir. Simpaticíssima, doce e sem parar um segundo, Asa pediu até sugestão de programa para depois do show e deixou o palco mandando beijos para o público em alto e bom português.


Na sequência, uma das grandes expectativas da noite: Aloe Blacc. Durante todo o show, Aloe ameaçou tocar o hit "I Need a Dollar" e esquentou o público com outros de seus singles, como "Your Love is Killing Me" e versões totalmente Blacc de músicas como "Femme Fatale", do Velvet Underground. E Blacc tirava sangue de cada uma delas, estendendo os arranjos, interagindo com o público, sambando (!) e até dando espaço para que a backing vocal brilhasse mandando um rap nervoso. Eis que chegou o grande momento esperado e "I Need a Dollar" não decepcionou. E o bis, hein? Uma versão matadora de "California Dreamin", com aquela
voz de veludo que está ecoando até agora na cabeça de quem esteve lá.


Enquanto isso, o Palco Compacto ficava pequeno com a apresentação do gigante BNegão, com a banda Paraphernalia. O processo pode ser lento, mas se isso for preciso para botar peso no funk de BNegão, a gente dá um jeito. Ele falou pouco, mas não esqueceu de agradecer Os Gêmeos, que
passaram a semana anterior toda ao evento grafitando trens e produzindo a instalação de mil faces no teto do palco principal.


O que a gente sentiu no show de Seu Jorge and Almaz: não foi um show, foram dois. No primeiro, quem brilhou foi o lado instrumental, aquele show que dá vontade de assistir de olho fechado, sentindo cada acorde e batida diferente do Almaz, trio formado pelos músicos da Nação Zumbi:
Pupillo, Lucio Maia e Dengue. O segundo show foi aquele para se matar de dançar, se divertir com os amigos e esquecer que no dia seguinte seria segunda-feira, com a grooveria dos meninos de ouro do Almaz. Apareceu nesse segundo show até o Seu Jorge internacional, fazendo sua versão de "Ziggy Stardust", do camaleônico Bowie. Outro Jorge que brilhou foi o Ben Jor, que emprestou seu telefone que toca novamente e "África Brasil" à voz de seu xará. Deu pra relembrar a energia boa que animou a festa na noite anterior. Não é à toa que o nome artístico é Seu Jorge, apelido dado por Marcelo Yuka, justamente por não definir um Jorge, mas vários.
Um senhor Jorge, diga-se de passagem, com um senhor show, para encerrar uma maravilhosa noite e último dia de B2B 2011 no Rio de Janeiro.

postado em agosto'2011


Zélia Chueke - Brazilian Piano 1972-2007 [ABM Digital]


O lançamento acontecerá dia 23 de agosto, terça-feira, na Academia Brasileira de Música.

Com uma carreira que evolui pelo Brasil, América e Europa, e em que transita entre a música de Câmera, participações em orquestras, festivais internacionais de música contemporânea e gravações para rádios e TVs, Zélia já havia arrancado elogios de gente importante da cena musical Nova Iorquina com o seu primeiro álbum dedicado às obras de Debussy e Brahms. E graças aos seus incansáveis esforços na divulgação do trabalho de compositores brasileiros contemporâneos, se acostumou a ter obras criadas em sua homenagem.

A pianista também frequenta com desenvoltura palcos prestigiosos por todo o mundo, entre eles o New York Steinway Hall, Le Frack Concert Hall(NY), Lincoln Theater Miami e Palais Clam Gallas(Viena).

Apesar de ser reconhecida, sempre em primeiro lugar, como brilhante intérprete e "performer", ela ainda se dedica(e a música agradece) ao ensino, tendo lecionado na New World School Of Arts da University Of Miami(onde, como se não bastasse, foi Diretora Musical da série Notes, Strokes and Moviment e do departamento de dança da universidade) e atuando como Pesquisadora Permanente junto ao Observatoire Musical Français - Universitè de Paris - Sorbonne.

Brazilian Piano 1972-2007, O álbum:

Segundo da discografia da performer, Brazilian Piano é um cd de piano Solo composto de 6 faixas com obras de compositores brasileiros - Paulo Lima, Lindenbergue Cardoso, Ricardo Taccuchian, além de Villa-Lobos (para dar continuidade às homenagens ao cinquentenário de morte do compositor)

O álbum foi inteiramente gravado na Église Lutherienne de Saint-Marcel em Paris, durante o mês de fevereiro de 2010, imediatamente após ter mostrado com grande sucesso o repertório do mesmo em concerto no Lincoln Center.

Zélia decidiu por as mãos à obra, depois de muito ouvir do compositor Ricardo Taccuchian (conhecedor de seu estilo e tendo assistido seus concertos em variadas e diversas ocasiões, no Brasil e em diversos países) que a Academia Brasileira de Música receberia com carinho e orgulho sua produção. Partindo desse incentivo a pianista tratou de começar o processo exaustivo de aprimorar a execução do repertório escolhido, inegavelmente de qualidade musical superior e representativo do que de melhor a música brasileira de concerto tem a oferecer aos ouvidos atuais. A pianista não apenas se alegra com o resultado final primoroso, como se orgulha de sua relevância no momento musical brasileiro. E também do aval da ABM à sua produção e ao seu talento.

O repertório foi inteiramente decidido, testado e escolhido pela pianista com ênfase em obras importantes e significativas da produção musical brasileira de fases diferentes da segunda metade do século XX.

Brazilian Piano 1972-2007 - Zélia Chueke pode ser comprado através do site da ABM (www.abmusica.org.br), da Revista Concerto (www.revistaconcerto.com.br) nas livrarias Cultura e Travessa.

Preço médio : R$ 20,00

Lançamento : Dia 23 de agosto, 16h em

Academia Brasileira de Música - Rua da Lapa, 120. 12º

Entrada Franca | Censura Livre


Zélia Chueke , saiba mais - www.zeliachueke.com

23 de abril de 2012



postado em agosto'2011
"Meu Caro Júlio"


Meu caro Marco Manto Costa escreveu e lançou aos últimos suspiros do século XX e aos primeiros fulgores do século XXI o livro "Meu Caro Júlio", que trata com destreza, romance e poesia do personagem Julinho da Adelaide, que pra quem não sabe foi o pseudônimo que resguardou por alguns meses o nosso Chico Buarque e que gerou o álbum "Sinal Fechado" de 1974.


Apesar do tempo passado do lançamento do livro ele ainda pode ser encontrado e comprado em livrarias virtuais, o P & M recomenda e assina embaixo, como também antecipa que em breve "Meu Caro Júlio" será relançado no formato E-book.


SINOPSE


Júlio Prazeres é um pacato jovem que se faz passar por Julinho da Adelaide (na verdade um pseudônimo criado por Chico Buarque para driblar a censura). A efêmera notoriedade do rapaz o leva a conviver com militantes da luta armada. Ficção e realidade se misturam, delineando-se um retrato desfigurado de um tempo sombrio.


Clique aqui para ler a matéria sobre o livro.



Livro de Marco Manto Costa
Editora: Sete Letras
Ano 1997



(postado em junho'2011)
Boas Bandas X Belas Porcarias


O bum do chamado "Rock Brasil", a "Nova Onda" que inundou de boas coisas e belas porcarias a década de 80, trouxe em seu bojo bons músicos e compositores, e a prova disso é que aqueles que tinham real talento estão aí até hoje, mesmo os que já se foram. E  os que se aproveitaram da onda ou os simplesmente equivocados, esses se dissolveram no éter dos anos.  Porém, existe uma honrosa exceção, a banda "O Espírito da Coisa", liderada pelo excelente músico Paulo Guerra, com suas performances mirabolantes, bons arranjos e letras muito bem sacadas, unindo o humor a profundas críticas ao sistema, que eu chamaria de um "rockabilly engajado".

Eu soube por vias perpemdiculares, transversas e diretas que o Paulo está agindo para reanimar o grupo, inclusive fazendo testes com mocinhas cantadoiras e que saibam dramatizar a coisa.  Espero sinceramente que ele tenha sucesso em seu intento.

Enquanto isso não acontece, o P & M serve um tira-gosto com algumas canções antigas, que para alguns serão inéditas e para outros um belo revive, mas antes do download, vamos à uma rápida brincadeirinha.  Você que não é um rockófilo oitentista, veja na lista abaixo quantos você conhece, e perceba quais ficaram e quantos viraram mingau.

Eu disse no início que o movimento do rock 80 trouxe alguns bons músicos e compositores, e vocês diriam: e os cantores?  Cantor mesmo pra valer somente um, nada mais que um, Rodrigo Esteves,  vocalista dos boyzinhos metaleiros que vestiam Company da Azul Limão, que faziam um  som pesado e padeciam da síndrome do "além-túnel", hoje o ex-metaleiro vive em Madrid e é um dos barítonos mais respeitados da Europa, que tal?

Vamos então a nossa brincadeirinha, vamos ver quem é quem.


Por Mario Medella


1) ÁGUA BRAVA 
2) ÚLTIMO NÚMERO 
3) AS VIRGENS LAGARTO 
4) ESCOLA DE ESCÂNDALO 
5) VARSÓVIA 
6) VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA 
7) HERÓIS DO DIA 
8) RÁDIO TÁXI 
9) CONEXÃO JAPERI
10) LEGIÃO URBANA 
11) HARRY 
12) DISTÚRBIO SOCIAL 
13) CRIME 
14) EXPRESSO ORIENTE 
15) VZYADOQ MOE 
16) KALI 
17) BIA SIHON 
18) DORSAL ATLÂNTICA 
19) MUTILATOR 
20) PLATINA
21) TAURUS 
22) KORZUS 
23) A CHAVE DO SOL 
24) NENHUM DE NÓS 
25) ENGENHEIROS DO HAWAÍI 
26) CASCAVELETES 
27) LUNI 
28) TOKYO 
29) CELSO BLUES BOY 
30) INIMIGOS DO REI
31) DR. SILVANA & CIA 
32) GAROTOS DA RUA 
33) TARANATIRIÇA 
34) NAU 
35) JOÃO PENCA & SEUS MIQUINHOS AMESTRADOS 
36) CÓLERA 
37) HERÓIS DA RESISTÊNCIA 
38) 5 GENERAIS
39) PLEBE RUDE 
40) METRÔ 
41) HARPIA 
42) BLACK FUTURE 
43) INOX 
44) KID ABELHA E OS ABÓBORAS SELVAGENS 
45) VULTOS 
46) KAMIKAZE 
47) BLUES ETILICOS 
48)  KONGO 
49) SEMPRE LIVRE 
50) HOJERIZAH 
51) CAMISA DE VÊNUS 
52) PARALAMAS DO SUCESSO 
53) VIOLETA DE OUTONO 
54) BLITZ 
55) AKIRA S & AS GAROTAS QUE ERRARAM 
56) MERCENÁRIAS
57) RATOS DO PORÃO 
58) FELLINI 
59) MUZAK 
60) LOBOTOMIA 
61) 3  6  5 
62) DE FALLA 
63) HERVA DOCE 
64) ULTRAJE A RIGOR 
65) HANOI HANOI 
66) VALÉRIA ALMA DE BORRACHA 
67) GAROTOS PODRES 
68) SMACK 
69) SEPULTURA 
70) UNS & OUTROS 
71) KID VINIL 
72) SEXO EXPLÍCITO 
73) NESS 
74) GANG 90 E AS ABSURDETES 
75) MARIA ANGÉLICA NÃO MORA MAIS AQUI
76) IRA ! 
77) ZERO 
78) BIQUINI CAVADÃO 
79) SALÁRIO MÍNIMO 
80) O ESPIRÍTO DA COISA 
81) PICASSOS FALSOS 
82) T N T 
83) BRILHO 
84) REPLICANTES 
85) PATIFE BAND 
86) GUETO
87) URGE 
88) KÃES VADIUS 
89) DETRITO FEDERAL
90) AZUL LIMÃO 
91) CABINE C 
92) GOLPE DE ESTADO 
93) BARÃO VERMELHO 
94) ARTE NO ESCURO 
95) RUMORES 
96) FINIS AFRICAE
97) ANA LULU E OS DANTESCOS 
98) OTÁRIOS MALDITOS 
99) PITUCA, MANDUCA & PURUCA 
100) REALENGO SOCIETY 
101) BICHANOS DO INFERNO 
102) ZULU OVERDRIVE 
103) GAMETAS 
104) ESPANTA NENÉM 
105) FILHOS DA TIMBUKA 
106) FLAP REVOLUTION



DOWNLOAD - O ESPÍRITO DA COISA:
http://www.mediafire.com/?pm7g7cql3ro3xwg


(postado em junho'2011)
Santa Música em Santa Teresa
19 de junho - 2011


Vivi por algum tempo em meio as ladeiras bucólicas e aos trilhos da história e da poesia, as casas acesas, as mentes acesas, sempre plugadas com a efervecência renovadora da arte.  Músicos, compositores, pintores, escultores, artesãos e poetas girando sem muito alarde, numa espécie de cilibrina oculta, uma verdadeira celebração a beleza, uma produção incessante de sons, palavras, gestos e principalmente pensamentos e
sentimentos edificantes.


Essa era e é a boa e velha Santa Teresa com seu casario franco-melancólico variando em cortiços, mansardas e ateliês, sem contar os típicos personagens que flutuam em cada esquina, do Corvelo a Dois Irmãos, do Guimarães ao Largo das Neves.


Mais uma vez Santa Teresa será cenário e inspiração para um grande evento de arte, uma gigantesca confraternização sonora que reunirá todas as tribos musicais, abaixo reproduzo o texto original da produção do evento.


"Sustentabilidade Musical e Culturabilidade Sustentável" em 8 horas seguidas de som (feitas por mais de 400 músicos) reunindo público, produtores e outros profissionais da música brasileira em torno de um circuito musical pelas ruas de Santa Teresa, bairro do Centro do
Rio de Janeiro.


No domingo, dia 19 de junho de 2011, das 13h às 21h, ao longo dos eixos da linha do bonde, em 2 km de rua divididos em 12 diferentes espaços musicais, 100 diferentes bandas vão se apresentar em versões acústicas, semi-acústicas e amplificadas.


Moradores e comerciantes também produzem seus próprios Espaços Musicais e recebem outras bandas inscritas no Festival.  Dentro das casas ou nas lojas, em janelas, varandas, quintais ou garagens.


No hall do Cine Santa, único cinema do bairro, uma loja exclusiva venderá produtos criados pelas bandas participantes:  CDs independentes ou não, camisetas, cartões, etc.


Histórico


Uma ideia original, do grupo Coletivo Santa Música, para dar visibilidade à musicalidade contemporânea.  Por partir do conceito de uma celebração na rua, democrática e rica em diversidade artística, o Festival Santa Música recebeu da organização da "Fête de La Musique" - Dia da Música na França, que em 2011 fará sua 30ª edição a chancela
da International Fête de la Musique Network, que congrega mais de 430 cidades em todo o mundo, numa grande rede mundial em favor da música."


Algumas das apresentações confirmadas até agora, via Facebook : Farofa Carioca, Tipo Uísque, Maracutaia, Forró de Ponta, Café Irlanda, Rockz , Mulheres de Chico, Beach Combers, Jefferson Gonçalves, DJ ZOD, Orquestra Voadora , Gabriel Muzak , Lá e Cá, Vixe, DJ Lencinho, El Efecto, Julieta Brandão, Songoro Cosongo , Moda de Viola e DJ Tataogan.


Rock, baião, samba, eletro pop, mpb, música latina e o que mais vier, Santa vai ferver, aleém do que ficará igualzinha ao P & M, vai respirar e transpirar música, certamente nos encontraremos em algum dos pontos sonoros ou quem sabe no estribo do bonde, até lá!


por Mario Medella



(postado em junho de 2011)
Adriana Calcanhoto
10 Canciones que mis hermanos oyen

Grande idéia a do produtor Rodrigo Maceira, que é ligado a cena indie da América latina, de reunir bandas, grupos e duplas deste segmento para fazer um disco com dez canções de Adriana Calcanhoto, um projeto que aproxima as duas produções musicais, a latina e a brasileira, que diga-se de passagem também é latina), produções que por vezes nos parece bem distante uma da outra. Iniciativas como esta deveriam florescer por cada rincão do continente americano.


Quanto as gravações em si estáo bem interessantes no geral, exceto umas duas ou três canções onde os arranjadores cometeram certo excessos em relação ao "ser diferente", talvez com a preocupação de afastar-se ao máximo das gravações originais de Adriana, mas deixarei que vocês concluam e percebam isto por si mesmos, já que a bolachinha está disponibilizada gratuitamente no site naomoromais.com, vale a pena conferir.


por Mario Medella

 

(Postado em maio'2011)



GIL INCORRETAMENTE POLÍTICO







Certamente o único ponto positivo dos chamados "anos de chumbo", além de expor publicamente a estupidez militar, foi a produção musical. Em 1973, o estudante de geologia da USP, Alexandre Vanucci Leme, foi torturado e morto pela repressão política do regime militar. Gilberto Gil, que estava em São Paulo, então recém chegado do exílio, foi procurado pelos universitários que o convidaram para fazer um show de protesto, improvisado no campus. Por volta de umas duas mil pessoas assistiram a esta apresentação nas dependências da Escola Politécnica da USP. Gil tocou e conversou com o público durante três horas de show. Esta apresentação foi registrada pelos estudantes em um gravador de rolo (benditos gravadores de rolo!). A fita ficou guardada e esquecida por um longo tempo. Apenas algumas poucas pessoas tiveram acesso a este material. As cópias em fita K7 eram fragmentadas e com um som de má qualidade. Vinte anos depois a fita master foi encontrada e restaurada, inicialmente pelo músico do Grupo Rumo, Paulo Tatit, para um projeto de lançamento da gravação comercial em CD. Aí temos o repertório daquela noite:
- Oriente
- Chicletes com Banana
- Minha Nêga na Janela
- Senhor Delegado
- Eu Quero um Samba
- Meio de Campo
- Cálice
- O Sonho Acabou
- Ladeira da Preguiça
- Expresso 2222
- Procissão
- Domingo no Parque
- Umeboshi
- Objeto Sim Objeto Não
- Ele e Eu
- Noite Morena
- Cidade de Salvador
- Iansã
- Eu Só Quero um Xodó
- Edith Cooper
- Back in Bahia
- Filhos de Gandhi
- Eu Preciso Aprender a Só Ser
- Cálice (final)


Coisa fina, Gil nem sequer tinha começado sua fase "Re" e já tinha um repertório de fazer inveja a todos os grandes nomes do pop nacional atual juntos. Além das músicas, o disco traz várias faixas chamadas "Gil fala" em que o cantor conversa longamente com o público, moldando seu carisma manhoso que lhe deu ares de guru preto velho em seus tempos de ministro.


P & M disponibiliza aos seus frequentadores esta preciosidade, que em breve passará pela série "discoteca Básica" apresentada uma vez ao mês no programa "Cantos da Alma Latina" (Roquette Pinto FM 94.1 domingos 19:00).

http://www.mediafire.com/?chwsyvo3p834e3a
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