29 de agosto de 2010

Um Universo de Cultura e Som

Está no ar, incorporada ao site do Instituto Moreira Salles, a Rádio Batuta. Em caráter experimental até a estreia oficial, no dia 31 deagosto, a rádio on-line vai funcionar como um ponto de seleção, análise e entretenimento com base no rico acervo de música popular brasileira abrigado pelo IMS.

Ao navegar pela rádio, percebe-se o caráter editorial que forma suas diferentes seções. Em entrevista ao jornal O Globo, o coordenador da Rádio Batuta, Francisco Bosco, chamou atenção para o "objetivo primordial" de "divulgar de maneira atraente e crítica" as músicas digitalizadas pelo IMS, "sob recortes específicos".

Ao explicar, por exemplo, sobre a divisão que adota em A Canção no Tempo, em parte inspirada pela polêmica sobre o fim da canção no Brasil, Bosco diz que a "ideia é que o ouvinte entenda a aventura dacanção brasileira".

Palestras, shows e debates promovidos pelos
Centros culturais do IMS, playlists, seleções feitas por músicos e especialistas e sites especiaissão algumas das outras atrações da Rádio Batuta.
Conheça os programas da Rádio Batuta

Sabiás, pardocas e feitiçarias um documentário sobre Noel Rosa
No ano de centenário de nascimento de Noel Rosa, a Rádio Batuta mergulha no universo do Poeta da Vila para traçar um perfil de um dos maiores, mais criativos e originais artistas da música brasileira. O documentário, dividido em oito capítulos, contou com depoimentos deCaetano Veloso; Luiz Tatit; do jornalista, pesquisador e crítico musical João Máximo; de Sérgio Cabral (jornalista, escritor, compositor e pesquisador); do letrista, produtor e ensaísta Carlos Rennó; dojornalista Leonardo Lichote; dos ensaístas Santuza Naves e Júlio Diniz;e do pesquisador Carlos Sandroni. Com uma linguagem mais rigorosa eensaística, o documentário é apresentado por Francisco Bosco.

As canções que eles fizeram para mim
Com o intuito de mostrar o quanto o passado musical é integrado aopresente, Francisco Bosco convida grandes músicos da atualidade aescolher, dentro do acervo IMS, canções que influenciaram ou serviram deinspiração para a sua obra. No primeiro programa, o cantor e compositor João Bosco destaca canções gravadas em 78 rpm de épocas distintas da música brasileira: Ernesto Nazareth, Dorival Caymmi, Almir Ribeiro foram alguns dos artistas comentados. Nas semanas seguintes, serão apresentadas entrevistas com
Marisa Monte, Monarco, Mariana Aydar, entreoutros.

Os Batutas - Série
Com caráter mais informativo e introdutório, o programa apresentado por Claudia Diniz traz a público a vida e a obra de grandes mestres dacanção popular brasileira. O primeiro homenageado é o compositor, instrumentista, cantor e ator Custódio Mesquita, que, se fosse vivo, completaria 100 anos em 2010.

A canção no tempo - Série
O programa apresenta sucessos de diferentes épocas da música brasileira, sempre contextualizados com o ambiente cultural, social e político em que foram produzidos. O primeiro programa apresenta um panorama do período entre 1901 e 1905. A série é inspirada e tem pesquisa baseada no livro A canção no tempo: 85 anos de músicas brasileiras, de Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello.

O fim da canção - Aulas-show
O ciclo de aulas-show apresentado por José Miguel Wisnik e Arthur Nestrovski no IMS em 2009 sobre o fim da canção foi transformado emprograma. A série, com 16 capítulos, apresenta ao ouvinte um minipanorama musical, a partir de uma seleção de canções da música brasileira dos últimos 50 anos. A cada programa, Wisnik e Nestrovskia bordam o tema do fim da canção partindo de algumas canções-chave, interpretadas ao vivo e depois comentadas em contraponto com novosquestionamentos.

Música para escovar os dentes
Os ouvintes terão acesso a playlists com determinados recortes doacervo. Uma seleção já estará no ar na inauguração da rádio: uma listade clássicos da música brasileira. A Rádio Batuta coloca à disposição dos ouvintes a noite de música epoesia que reuniu, em março no IMS, Augusto de Campos, Cid Campos e Adriana Calcanhotto. O espetáculo pensou e cantou poesia concreta.

Vitamina B
Programa informativo, com curiosidades e histórias interessantes epouco conhecidas sobre as canções e seus autores e intérpretes, que fazem parte do rico acervo do IMS. O programa com as pílulas musicais é apresentado pela coordenadora de música do IMS, Bia Paes Leme.

Rádio-pensamento
Temas instigantes discutidos por pensadores brasileiros estão sempre em pauta nessa série. No primeiro programa, o arquiteto Paulo Mendes da Rocha e o crítico de arte Ronaldo Brito discutem as contradições de Brasília, no ano em que a cidade completa 50 anos. O programa foi gravado no Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro e fez parte do seminário Brasília: imagem, imaginário, realizado durante a exposição Asconstruções de Brasília.

Acontece no IMS
Matérias sobre a programação dos três centros culturais do IMS (Rio de Janeiro, São Paulo e Poços de Caldas), com informações sobre exposições, filmes, palestras, shows, lançamentos, entre outros. O programa é apresentado por Carla Paes Leme.


Para acessar o link do IMS, clique no link a seguir:
[Website - Instituto Moreira Sales]

Depois dos discos de vinil, fita cassete ensaia retorno

No cultuado livro Alta Fidelidade, do escritor Nick Hornby, é evidente a ligação entre o protagonista Rob Gordon e suas gravações em fitas cassete. O depressivo
dono de uma loja de vinis usava as seleções musicais que fazia para conquistar corações. Após a ressurreição do vinil, pessoas com o espírito de Rob estão trazendo de volta a cultura da fita cassete. O baixo custo, a facilidade de gravação e o caráter nostálgico são as características que, segundo reportagens de August Brown, nos Los Angeles Times, voltam a atrair olhares para o formato, que se propõe como alternativa
acessível ao vinil e ao CD.

Segundo a auditoria SoundScan, em 2009 foram vendidos 34 mil álbuns em cassete nos EUA. O formato é muito usado na cena indie, que tem baixo recurso financeiro.
Thom Yorke, líder do Radiohead, foi um dos responsáveis pela volta do vinil, levando a banda às velhas bolachas. É, também, um apaixonado por cassetes e apontado
como chave para o sucesso da volta das velhas fitas.

O caráter retrô do K7 também serve de chamariz para o público. Chris Jahnle, do selo independentes Kill/Hurt, grava músicas de suas bandas na sala de estar. "Se a qualidade em MP3 já é horrível, por que não gravar algo que soa ruim, mas que podemos segurar nas mãos?", questiona Jahnle.


Por Jornal Destaque

[Dicas do Melômano] The Imagine Project - Herbie Hancock (2010)


O álbum foi lançado em 22 de junho de 2010, e posso adiantar, mesmo ainda em agosto, que ele figurará entre os três melhores do ano, quem sabe da década, talvez do século, qui sa do milênio. O álbum, que foi gravado nos mais distantes rincões por todo o mundo e inclui participações de vários artistas, será complementado por um documentário sobre o processo de gravação. Além da indiscutível qualidade musical, que dispensa comentários, a grande sacada é o espírito Intercultural que dá o tom da bolachinha, acho que essa onda é o caminho para a manutenção da boa saúde da música terráquea, mais que nunca é preciso UNIR. O que os nossos tataranetos vão ouvir daqui a 250 anos?

Alguma "vanguarda" invertebrada ou uma fusão de culturas e experiências que criará um corpo substancial e estruturado, e acima de tudo Belo. Ouvindo esta jóia rara, percebe-se claramente que o Herbie prefere o segundo aspecto. Vale fazer aqui um breve desfile das criaturas que tocam e cantam com o "vovô" do Pop-Jazz-Funk-Soul-Samba-Beach-Rock-Blue's:

P!nk, Seal, India.Arie, Jeff Beck, Konono N°1, Oumou Sangaré, John Legend, Céu (essa é brazuquinha), Susan Tedeschi, Derek Trucks, The Chieftans , Toumani Diabaté, Lisa Hannigan, Juanes, Tinariwen, K'naan, Los Lobos, Dave Matthews, James Morrison, KS Chithra, Chaka Kahn, Anoushka, Shankar e Wayne Shorter.

Ufa... agora chegou o momento da contagem progressiva, 1... 2... 3...
iiiiiiiiiiiiiiiiii já!!!




Por Mario Medella

[Dicas do Melômano] A Love Supreme - John Coltrane (1964)



Arte sacra
Qualquer ser humano cuja alma tenha sido tocada pelo poder do jazz nunca mais foi o mesmo. Se teve contato com a música do saxofonista norte-americano John Coltrane (1926-1967), a coisa fica ainda mais séria. Agora, se ouviu "A Love Supreme" então, nem se fala. Gravado em
dezembro de 1964, o disco flagra o quarteto mais famoso de Trane – com McCoy Tyner (piano), Jimmy Garrison (baixo acústico) e Elvin Jones (bateria) – entrosado ao extremo.

Cada um desses músicos fez sua própria revolução com seus respectivos instrumentos e aqui todos eles colocam sua genialidade a serviço da criação de um líder literalmente iluminado. Quer dizer, "Blue Train" (57) e "Giant Steps" (59) já tinham provado que o gatuno egresso da banda de Miles Davis tinha muito mais a dizer, mas isso aqui vai além. Uma peça única, dividida em três atos, dedicada a Deus, o álbum foi produzido e fotografado por Bob Thiele, proprietário da lendária gravadora Impulse!, e extrapola o rótulo de clássico. Trata-se de um verdadeiro monolito de genialidade humana – gospel music que converte até o mais ferrenho dos ateus. Amém, Senhor!

Por Rodrigo Brandão

27 de agosto de 2010

Sidney Miller (tributo) - Zé Luis & Zezé Gonzaga & Alaíde Costa

Dois anos após a morte do excepcional compositor brazuca Sidney Miller, Hermínio Bello de Carvalho e Antonio Adolfo produziram este disco, aproveitando a deixa do Projeto Almirante da Funart. No álbum temos reunidas algumas das melhores e mais conhecidas composições de Sidney Miller, interpretadas por três cantores: Alaíde Costa, Zéluiz e Zezé Gonzaga. Os arranjos são de Antonio Adolfo que também toca no disco. Somando a esses, temos também o próprio autor em duas faixas, "O circo", extraída de um de seus discos e a emblemática "A estrada e o violeiro" com Nara Leão.
Acompanha o bolachão um encarte com textos de Hermínio, Tárik de Souza e Nelson Motta.


O disco não se encontra à venda, a não ser em algum "brechó sonoro";
está fora de catálogo a muito tempo e certamente jamais será reeditado
em CD. Nesse caso o Paz & Música, em prol da memória musical e sem
hipocrisia, facilita as coisas.


Maria Joana / Alô Fevereiro - Zé Luiz e Zezé Gonzaga
Nós os Foliões - Zé Luiz
Alma Minha - Zezé Gonzaga
Casinha do Arraial - Zé Luiz
O Circo - Sidney Miller
Menina da Agulha - Zéluiz e Alaíde Costa
O Bonde - Zé Luiz
Pois é, Prá Quê? - Zezé Gonzaga, Alaíde Costa e Zé Luiz
A Estrada e o Violeiro - Sidney Miller e Nara Leão



Para realizar o download, clique no link a seguir:
[Alaide Costa Zezé Gonzaga e Zé Luiz - Sidney Miller (1982)]

[Dicas do Melômano] A Tábua de Esmeralda - Jorge Ben (1974)


Psicodelia sóbria
Nem a heroína dos jazzistas, nem o ácido dos psicodélicos tampouco a ganja dos estúdios jamaicanos: foi com a cara limpa e doses cavalares de misticismo do bom que se conceberam as maiores obras-primas do samba-soul/samba-funk, especialmente o iluminado “A Tábua de Esmeralda”. Como a outra pedra preciosa do período, “Tim Maia Racional I e II” , “Tábua” foi inspirado em uma crença pouco ortodoxa – a Alquimia, no caso –, e baseada em um livro (“A Tábua Esmeraldina”, um dos muitos atribuídos a Hermes Trismegisto, autoridade máxima entre alquimistas).


Não se sabe ao certo o porquê de Jorge (ou Tim) ter se aventurado por
caminhos tão inesperados, mas o fato é que a viagem, enquanto não teve
volta, lhe rendeu a mais forte inspiração de sua incrível primeira fase
acústica. Dissolvido entre cordas e canções de amor, esse ingrediente místico fez ebulir um samba do crioulo doido irresistível,
no qual nenhuma faixa escapa. Todas são fantásticas.


O delírio de Jorge foi essencial para a excelência do disco mas o
vapor não subiria tão alto não fosse sua conhecida despretensão ao
compor – vomitando versos para só depois saber para onde eles iriam – e
incrível intuição rítmica. Uma fórmula mortal de grooves jorrou do
cadinho do Babulina para além do sambalanço e samba-rock que ele já
tinha inventado e novas formas de suingar foram criadas. Só mesmo as pessoas de
temperamento sórdido não dançaram.
por Daniel Setti


O fato de eu ter escrito um breve artigo na coluna "Mitos Fritos", não
significa que eu repudie a obra do Ben, tanto que acabo de postar este
disco histórico e antológico na coluna "Dicas do Melômano".
Tive essa vontade quando me deparei com as palavras do Daniel no bom
site do Radiola Urbana, me dirigi a uma das 27 estantes do cafofo,
peguei o vinilão e simplesmente ouvi, e aqui está o post.
Vale a pena repetir que a "Mitos Fritos", não foi criada para
desvalorizar a obra de quem quer que seja, nem para "esculachar"ninguém,
muito menos para servrvir de trampolim, onde eu atire aos tubarões da
infâmia, todos os artistas que por essa ou aquela razão não se afinem
com meu pobre gosto personal, ou ainda "fritar" de maneira inconsequente
o trabalho de toda uma existência.



Por Mario Medella

Estreia do programa Acervo Origens na Rádio Nacional 96,1 FM (Brasília)

O Acervo Origens é um dos programas que passará a integrar a grade da
Rádio Nacional Fm a partir do dia 28 de agosto. Produzido e apresentado
pelo violeiro Cacai Nunes, o programa vai ao ar aos sábados às 19 horas
e é resultado da parceria da EBC com o músico e a Associação Cultural
Ossos do Ofício.

O Acervo Origens é um Blog na Internet onde Cacai Nunes agrega toda sua
pesquisa na música regional brasileira e disponibiliza para download,
Lp#s de sua coleção, gravações em pesquisa de campo e shows ao vivo de
artistas da cultura popular brasileira e outros que utilizam destes
elementos para fazer música com sua própria identidade.

Desde 2006 no ar, o Blog recebe visitas de vários países do mundo
inteiro. É gente interessada em (re) descobrir a música brasileira, seus
registros musicais e compositores já conhecidos e outros até então
desconhecidos. Lá, é possível conhecer um pouco da obra de Gordurinha
(compositor de Chicletes com Banana e Súplica Cearense), de Camafeu de
Oxossi, figura lendária na Bahia dos anos 60 e ouvir choros, modas de
viola, forrós e registros exclusivos feitos em pesquisas de campo que
Cacai realiza pelo Brasil.

Cacai Nunes acredita que com esta parceria, o maior beneficiado será o
público brasiliense, pois estará diante de um conteúdo que valoriza a
memória musical brasileira, e estabelece vínculos com a nossa identidade
cultural.


Estreia do Programa Acervo Origens
Sábado, dia 28.08, às 19h
Rádio Nacional Fm 96,1 mhz
Você também pode ouvir ao vivo pela internet em http://www.ebc.com.br/ no link
Rádio Nacional FM Brasília.
Após a exibição na rádio, o Programa estará disponivel no Blog
http://www.acervoorigens.com/


Por Cacai Nunes

19 de agosto de 2010

[Dicas do Melômano] Upojenie Anna Maria Jopek & Pat Metheny (2002)


O álbum "Upojenie", surpreende mais pela velha e conhecida guitarra de Pat Metheny, do que propriamente pela voz da cantora poloneza Anna Maria Jopec, mesmo assim vale esgota-lo até as últimas audiências. As canções no idioma pátrio da cantora devem ser digeridas de forma
homeopática, também para que os arranjos do "guitarman" possam ser sorvidos por todos os ângulos., a guitarra de Metheny ora soa como cítara, ora como harpa e as vezes até como guitarra, pudera, segura aí o que o indivíduo toca no disco: Pikasso Guitar 42 cordas, Baritone Guitar, Classical Guitar (violão), Soprano Guitar, Roland Guitar Sythesizer, Acoustic Guitar, Electric Guitar e teclado, coisa de doido. E como a galera aprecia um rótulo, o estilo da bolachinha é "Smooth contemporâneo", que tal? Atenção internautas! dêem a partida e mãos ao disco.



Por Mario Medella

O amante da música

Cole Albert Porter ( 9 de junho de 1891 - 15 de outubro de 1964 ),
músico e compositor norte americano.


Porter nasceu em Peru, Indiana , de família abastada. Seu avô materno,
James Omar "J.O." Cole, era especulador de carvão e madeira e dominava a
família da filha. A mãe de Cole iniciou-o no estudo musical desde tenra
idade; ele aprendeu violino aos seis anos, piano aos oito e escreveu sua
primeira opereta (com o auxílio da mãe) aos 10. Ela não só reconheceu
como incentivou os talentos do filho e chegou a alterar sua data de
nascimento de 1891 para 1893 para fazê-lo parecer mais precoce. O avô de
Porter, J.O. Cole, queria que o garoto se tornasse advogado e, pensando
nessa carreira, enviou-o para a Academia de Worcester em 1905 e depois
para a Universidade de Yale em 1909.



Nesse período, Porter compõe uma série de canções estudantis, incluindo
as do time de futebol americano "Bulldog Bulldog" e "Bingo Eli Yale"
tocadas em Yale ainda hoje. Cole Porter compõe cerca de 300 canções
no período de Yale.



Porter passa um ano na Faculdade de Direito de Harvard em 1913 (onde foi
colega de quarto de Dean Acheson), e então transfere-se para a Faculdade
de Artes e Ciência.



Em 1915, sua primeira canção para a Broadway, "Esmeralda", aparece na
revista "Hands Up". O rápido sucesso é seguido imediatamente por um
fracasso; sua primeira produção para a Broadway, em 1916, "See America
First" ( libreto de Lawrason Riggs), fica apenas duas semanas em cartaz.
As produções seguintes também fracassam. Essa sucessão de insucessos faz
com que Porter se auto-exile em Paris, vendendo músicas e sendo
sustentado, em parte por seu avô, em parte por sua mãe.


Porter trabalhava como compositor quando os Estados Unidos entraram na
Primeira Guerra Mundial em 1917. Ele viajou por toda a Europa ,
relacionando-se com alguns dos mais conhecidos intelectuais e artistas
da época e tornando-se um dos membros da chamada "Geração Perdida".

Em 1918, Porter conhece Linda Lee Thomas , uma rica divorciada de
Louisville, Kentucky , oito anos mais velha que ele, com quem se casa no
ano seguinte.


Diferente de alguns de seus contemporâneos, como George Gershwin e
Irving Berlin , Porter não fez sucesso imediato na Broadway. No entanto,
nascido e casado na riqueza, ele não sofreu com falta de dinheiro e
estabeleceu-se fora de sua terra, os Estados Unidos , durante
praticamente todos os anos 1920, vivendo uma vida de luxo na Europa .
Apesar disso, Porter não ficou ocioso e continuou a escrever. Muitas
dessas canções tornaram-se sucessos depois.


Porter reintroduziu-se na Broadway com o musical "Paris" (1928), onde
aparece um dos seus grandes sucessos, "Let's Do It (Let's Fall in
Love)". O próximo show, "Fifty Million Frenchmen" (1929), incluia vários
números populares, dos quais faziam parte "You Do Something to Me" e
"You've Got That Thing". Finalizando a década, estreou em 30 de dezembro
de 1929 "Wake Up and Dream", com uma partitura que incluia a música
"What Is This Thing Called Love?"

Começam os anos 1930 com a revista "The New Yorkers" (1930), incluindo a
canção "Love For Sale". A letra desta música foi considerada forte
demais para as rádios, mas tornou-se um padrão posteriormente. A seguir,
veio o último show teatral de Fred Astaire, Gay Divorce (1932). Nele
aparece aquele que talvez seja o maior sucesso de Cole Porter, "Night
and Day".


Em 1934, Porter escreve aquele que, para muitos, é seu melhor trabalho
no período, "Anything Goes" (1934). Suas canções incluem "I Get a Kick
out of You", "All Through the Night", "You're the Top", "Blow, Gabriel,
Blow" e a canção-título. Durante anos, os críticos comparam muitos de
seus shows - desfavoravelmente - a este. "Anything Goes" marca também a
estréia da cantora Ethel Merman em shows de Porter, estrela em cinco de
seus musicais.


"Jubilee" (1935), escrita com Moss Hart durante um cruzeiro pelo mundo,
não foi um grande sucesso, mas lançou duas músicas que hoje fazem parte
do cancioneiro americano — "Begin the Beguine" e "Just One of Those
Things". "Red Hot And Blue" (1936), estrelado por Merman, Jimmy Durante
e Bob Hope, introduziu "It's De-Lovely", "Down in the Depths (on the
Ninetieth Floor)", e "Ridin' High".


Porter também escreveu para Hollywood, incluindo a partitura para Born
To Dance (1936), lançando "Easy to Love" e "I've Got You Under My Skin",
e Rosalie (1937), lançando "In the Still of the Night". Além disso,
compôs a música de "cowboy" "Don't Fence Me In", para um filme de 1930
nunca produzido, que só obteve sucesso quando Roy Rogers e Bing Crosby &
The Andrews Sisters a lançaram, nos anos 1940.


Porter continuava a viver a vida em grande estilo, em grandes festas,
com grandes e famosos amigos. Na verdade, algumas de suas letras
mencionam seus amigos da época.

Então, em 1937, um acidente a cavalo quebrou suas duas pernas e deixou-o
com dores crônicas, severamente incapacitado. Os médicos aconselharam sua
esposa e sua mãe a amputar sua perna direita e, eventualmente, a
esquerda, mas elas não concordaram. Porter submeteu-se a mais de 30
cirurgias nas pernas e sofreu dores constantes pelo resto da vida.
Durante esse período, o número de operações levaram-no a grave
depressão. Foi uma das primeiras pessoas a experimentar a terapia de
eletrochoque .

Apesar da dor, Porter continuou a escrever musicais de sucesso. "Leave
It to Me!" (1938) (apresentando Mary Martin cantando "My Heart Belongs
to Daddy"), "DuBarry Was a Lady" (1939), "Panama Hattie" (1940), "Let's
Face It!" (1941), "Something for the Boys" (1943) e "Mexican Hayride"
(1944) foram todos sucesso. Esses shows incluíam canções como "Get Out
of Town", "Friendship", "Make It Another Old-Fashioned Please", e "I
Love You". No entanto, para muitos críticos, suas músicas estavam se
tornando menos mágicas e após dois fracassos, "Seven Lively Arts" (1944)
(que incluia o sucesso "Ev'ry Time We Say Goodbye") e "Around The World"
(1946), muitos consideraram que seu melhor período havia terminado.


Em 1948, Porter faz seu grande retorno ao sucesso, escrevendo aquele
que, para muitos, foi seu show de maior sucesso, "Kiss Me, Kate". A
produção ganhou um Tony Award de Melhor Musical e Porter o prêmio de
Melhor Compositor e Letrista. O repertório — geralmente considerado o
seu melhor — incluía "Another Op'nin' Another Show", "Wunderbar", "So
In Love", "We Open in Venice", "Tom, Dick or Harry", "I've Come to Wive
It Wealthily in Padua", "Too Darn Hot", "Always True to You in My
Fashion", and "Brush Up Your Shakespeare". Porter voltava ao topo.


Apesar do próximo show — Out Of This World (1950) — não ter sido um
grande sucesso, o show seguinte, "Can-Can" (1952), apresentando "C'est
Magnifique" e "It's All Right with Me", foi um grande hit. Sua última
produção para a Broadway, "Silk Stockings" (1955), lançando "All of
You", foi também bem sucedida.


Após seu acidente, Porter continuou também a trabalhar para Hollywood,
escrevendo as partituras para dois filmes de Fred Astaire , " Broadway
Melody of 1940 " (1940) com Eleanor Powell , incluíndo as músicas "I
Concentrate on You", e "You'll Never Get Rich" (1941). Mais tarde compos
as músicas para o filme " O Pirata " (1948), com Gene Kelly / Judy
Garland . O filme deu prejuízo, apesar de apresentar a música "Be a
Clown" (cujos "ecos" curiosamente se fazem presentes na música "Make 'Em
Laugh", apresentada por Donald O'Connor no musical "Cantando na Chuva" (
Singin' in the Rain ) de 1952). "Alta Sociedade" ( High Society )
(1956), estrelado por Bing Crosby , Frank Sinatra e Grace Kelly , trás o
último sucesso de Cole Porter, "True Love". Escreveu também canções para
o musical "Les Girls" (1957) com Gene Kelly. Sua última partitura foi
para um especial de TV da CBS, Aladdin (1958).


Após uma série de úlceras e 34 operações, sua perna direita teve de ser
amputada e substituida por uma prótese mecânica em 1958. A amputação
sucedeu-se à morte de sua mãe em 1952 e ao fim da batalha de sua esposa
contra um efisema em 1954. A sucessão de reveses combinados
mostraram-se fortes demais para Porter. Ele não escreveu mais nenhuma
canção após 1958 e passou seus últimos anos em relativa reclusão.

Cole Porter morreu de falência renal aos 73 anos em Santa Monica ,
California e foi enterrado no Mount Hope Cemetery em sua cidade natal,
entre os túmulos de sua mãe e sua esposa.


Os shows relacionados são musicais de teatro, fora os mencionados como
de outras fontes. (No caso da peça teatral ter-se transformado em filme
posteriormente, o ano de referência é o da versão teatral.)
* (1916) See America First
* (1919) Hitchy Koo Of 1919 — "An Old Fashioned Garden"
* (1928) Paris — " Let's Do It, Let's Fall in Love "
* (1929) Wake Up And Dream — " What Is This Thing Called Love? "
* (1929) Fifty Million Frenchmen — " You Do Something to Me "
* (1930) The New Yorkers — " Love for Sale ", "I Happen to Like
New York"
* (1932) Gay Divorce — " After You, Who? ", " Night And Day "
(base para o filme The Gay Divorcee de 1934)
* (1933) Nymph Errant — "Experiment", "The Physician", "It's Bad
for Me"
* (1934) Anything Goes — " All Through the Night ", " Anything
Goes ", "Blow Gabriel, Blow", " I Get a Kick Out of You ", " You're the
Top "
* (1934) Adios Argentina (não-produzida) — " Don't Fence Me In "
* (1935) Jubilee — " Begin the Beguine ", " Just One of Those
Things "
* (1936) Red, Hot and Blue — " It's De-Lovely "
* (1936) Born to Dance (filme) — " Down in the Depths (on the
Ninetieth Floor) ", " You'd Be So Easy to Love ", " I've Got You Under
My Skin "
* (1937) Rosalie (filme) — " In the Still of the Night "
* (1937) You Never Know — " At Long Last Love ", "From Alpha to
Omega", " Let's Misbehave "
* (1938) Leave It to Me! — "From Now On", " My Heart Belongs to
Daddy "
* (1939) Broadway Melody Of 1940 — "Between You And Me", " I
Concentrate on You ", " I've Got My Eyes on You ", "I Happen to Be in
Love", " Begin the Beguine "
* (1939) Dubarry Was A Lady — " Do I Love You? ", " Well, Did You
Evah! ", " Friendship "
* (1940) Panama Hattie — "Let's Be Buddies", "Make It Another
Old-Fashioned, Please"
* (1941) You'll Never Get Rich (filme) — " Dream Dancing ", " So
Near and Yet So Far "
* (1941) Let's Face It — " Everything I Love ", "I Hate You,
Darling"
* (1942) Something for the Boys — "Could It Be You"
* (1942) Something To Shout About — " You'd Be So Nice to Come
Home To "
* (1943) Mexican Hayride — " I Love You "
* (1944) Seven Lively Arts — " Every Time We Say Goodbye "
* (1946) Around the World in Eighty Days — "Look What I Found"
* (1947) The Pirate — " Be a Clown "
* (1948) Kiss Me, Kate — "Another Op'nin', Another Show", "Brush
Up Your Shakespeare", "I Hate Men", " So in Love ", " Too Darn Hot "
* (1950) Out Of This World — " From This Moment On ", "I Am Loved"
* (1953) Can-Can — " I Am in Love ", " I Love Paris ", " C'est
Magnifique "
* (1954) Silk Stockings — " All of You ", "Paris Loves Lovers"
* (1955) High Society — " Mind if I Make Love to You? ", " True
Love ", " Who Wants to Be a Millionaire? ", " You're Sensational "
* (1956) Les Girls — " Ca, C'est L'amour ", "You're Just Too, Too"
* (1958) Aladdin (televisão) — "Opportunity Knocks But Once"


Faça o download de seu songbook no link a seguir:
[Cole Porter - The Songbook Of Jazz - Piano]

[Dicas do Melômano] Te Amare (Las Canciones de Amor Mas Populares de la Nueva Trova Cubana) - Vários



Este álbum lançado pela Egrem na inigualável primavera cubana de 1993, prova por A+B que canções de amor não precisam ser pegajosas, repletasde clichês e chavões, daquelas que a gente adivinha o próximo verso semnunca ter ouvido a música antes.

Isto se dá apenas pelo aspecto poético? Não, o caminho melódico, a progressão harmônica e a roupagem (arranjo),também contribuem significativamente para se avaliar o grau de "viscosidade" de umasuposta canção de amor.

O disco reúne os expoentes da Nueva Trova Cubana, como Silvio Rodriguez, Pablo Milanés, Noel Nicola, Amaury Pérez Vidal, Miriam Ramos, KikiCorona e outros.Vale a pena ouvir as canções, ao toque da brisa de Varadero e da magiade Matanza.


Por Mario Medella

The Godfather of Soul

James Joseph Brown (originalmente James Joseph Brown Jr. ), ou
simplesmente James Brown ( Barnwell , 3 de Maio de 1933 — Atlanta , 25
de Dezembro de 2006 ) músico, cantor , compositor e produtor musical
norte-americano reconhecido como uma das figuras mais influentes do
século XX na música.


Como um prolífico cantor, compositor, dançarino e bandleader , Brown foi
uma força fundamental na indústria da música. Deixou sua marca em
diversos artistas ao redor do mundo, influenciando até mesmo os ritmos
da música popular africana , como o afrobeat , juju e mbalax , e
forneceu o modelo para todo um subgênero do funk , o go-go .


Brown começou sua carreira profissional em 1956 e fez fama no fim da
década de 1950 e começo da década de 1960 com a força de suas
apresentações ao vivo e várias canções de sucesso.


Brown foi conhecido por inúmeros apelidos , incluindo Soul Brother
Number One , Sex Machine , Mr. Dynamite , The Hardest Working Man in
Show Business , The King of Funk , Minister of The New New Super Heavy
Funk , Mr. Please Please Please Please Her , I Feel Good , The Original
Disco Man e principalmente The Godfather of Soul ("O Padrinho do
Soul"). No livro "Sweet Soul Music" de Arthur Conley , ele é descrito
como King of Soul ("Rei do Soul").



James Brown, cujos pais eram Susie Behlings e Joseph ("Joe") James
Gardner (que mudou seu nome para Brown pois Mattie Brown o criou) na
pequena cidade de Elko (Carolina do Sul) durante a Grande Depressão .
Brown, que teria o nome do pai, acrecido de "Jr.", foi incorretamente
registrado como James Joseph Brown, Jr. Quando criança, Brown era
chamado de Junior . Quando mais tarde foi viver com a tia e um primo,
ele passou a ser chamado de Little Junior pois seu primo também era
chamado de Junior .


Brown e sua família viviam em extrema pobreza. Quando Brown tinha
dois anos de idade, seus pais se separaram depois que sua mãe deixou seu
pai para ficar com outro homem. Depois que a mãe abandonou a família,
Brown continuou a viver com seu pai até a idade de seis anos. Depois
desse período, Brown e seu pai se mudaram para Augusta (Geórgia) .



O pai entregou Brown para uma tia, que administrava uma casa de
prostituição . Embora Brown vivesse com parentes, passou longos períodos
a própria sorte, perambulando pelas ruas.



Durante sua infância, Brown ganhava dinheiro engraxando sapatos,
vendendo e trocando selos, lavando carros e louças além de cantar em
concursos de talentos. Brown também fez shows para as tropas de Camp
Gordon no começo da Segunda Guerra Mundial pois os comboios viajavam por
uma ponte próxima à casa de sua tia. E assim, ganhando dinheiro nestas
aventuras, Brown aprendeu a tocar gaita dada ele por seu pai. Tampa Red
, famoso músico americano e que estava namorando uma das meninas da casa
de sua tia, ensinou Brown a tocar guitarra; além disso, aprendeu com
outros músicos a tocar piano e bateria. Brown quis se tornar artista
após assistir Louis Jordan , um popular músico de jazz e R&B .



Brown começou a praticar crimes em Augusta e na idade de 16 anos foi
condenado por assalto a mão armada e enviado para um centro de detenção
juvenil em Toccoa em 1949 .


Enquanto estava na escola reformatória, conheceu Bobby Byrd , que viu
Brown se apresentar na prisão. A família de Byrd ajudou em sua soltura
antecipada após cumprir três anos de sua sentença. As autoridades
concordaram em soltar Brown com a condição que ele conseguiria um
emprego e não retornaria a Augusta ou Richmond County. Após tentar o
boxe e ser arremessador em um time semi-profissional de beisebol
(uma carreira interrompida por uma lesão na perna), Brown focou toda sua
energia na música, "a música me salvou".



A carreira de Brown atravessou décadas e influenciou profundamente o
desenvolvimento de diferentes gêneros musicais. Brown se apresentou
em concertos, primeiro na região Sul dos EUA, depois por toda a América
e então pelo mundo todo, além de se apresentar em shows de televisão e
filmes. Embora tenha contribuído com o mundo musical por seus vários
sucessos, Brown tem o título de artista que mais colocou singles nas
paradas da Billboard Hot 100 sem nunca atingir o número um desta parada.



Em 1955 , Brown e a irmã de Bobby Byrd , Sarah se apresentaram em um
grupo chamado "The Gospel Starlighters". Eventualmente Brown se juntava
ao grupo vocal de Bobby Byrd, the Avons, e Byrd transformou o som do
grupo em secular rhythm and blues . Após o nome do grupo ter sido mudado
para The Flames, Brown e o grupo de Byrd foram para o Sul, o chamado "
chitlin' circuit ". O grupo então assinou um contrato com o selo Federal
Records de Cincinnati ; selo do mesmo grupo da King Records .


A primeira gravação do grupo foi o single " Please, Please, Please " em
1956. O single atingiu o número 5 da parada R&B, vendendo mais de um
milhão de cópias. Nove subsequentes singles lançados pelos The Flames
falharam em atingir o mesmo sucesso do single de estreia, e o grupo
passou a sofrer o risco de sair da King Records.


As primeiras gravações de Brown foram composições inspiradas no
gospel-R&B, altamente influenciadas pelo trabalho de músicos como Ray
Charles e Little Richard . A relação com Little Richard foi
particularmente significante no desenvolvimento como músico e showman .
Quando Richard deixou a música pop em 1957 para se tornar pregador,
Brown substituiu Richard nas datas restantes. Vários músicos que
acompanhavam Little Richard se juntaram ao grupo de Brown depois que
Richard deixou a cena.


Brown atribuia a criação do funk aos Upsetters.


Brown retornou as paradas em 1958 com o sucesso " Try Me ". Este single
foi o mais vendido entre os discos de R&B do ano, e se tornaria o
primeiro de 17 canções que atingiriam o topo da parada R&B pelas
próximas duas décadas. No lançamento de "Try Me" em disco, o nome
do grupo passou a ser James Brown and The Famous Flames .


Em 1959, Brown e os Famous Flames se mudaram da Federal Records para a
King Records. Brown começou a ter recorrentes conflitos com o presidente
da King Records Syd Nathan , a respeito de repertório e outras questões.
Em um notável acontecimento, Brown gravou o sucesso de 1960 " (Do the)
Mashed Potatoes " na gravadora Dade Records , de propriedade de Henry
Stone , sobre o pseudônimo de "Nat Kendrick & The Swans" porque Nathan
se recusou a permitir que fosse gravado na King.



Brown entrou nas paradas no começo dos anos 60 com sucessos como a cover
" Night Train " em 1962. Enquanto os singles de Brown eram grandes hits
no chamado chitlin' circuit , no Sul dos EUA e na parada R&B Top Ten,
ele os Famous Flames não tinham sucesso nacionalmente até a apresentação
ao vivo gravada no LP de 1963 Live at the Apollo . Brown financiou por
si próprio a gravação do álbum, que foi lançado pela King Records com
objeções do dono da gravadora Syd Nathan, que não viu potencial
comercial em um álbum ao vivo sem nenhuma canção nova. Apesar das
expectativas de Nathan, o álbum ficou nas paradas pop por quatorze
meses. Em 1963 Brown lançou uma versão da balada "
Prisoner of Love " (seu primeiro sucesso a atingir o Top 20) e fundou
(sob bons olhos da King Records) a incipiente Try Me Records , primeira
tentativa de Brown em gerenciar uma gravadora.



Após o sucesso Live at the Apollo Brown lançou uma série de singles que,
juntamente com o trabalho de Allen Toussaint em Nova Orleães , definiram
a fundação da música funk . Com o sucesso de Live at the Apollo e o
fracasso da King Records em expandir suas vendas diante do consumidor
negro, James Brown e o amigo Bobby Byrd formaram uma companhia de
produção, Fair Deal, para promover os discos de Brown perante as
plateias "brancas". Neste arranjo a Smash Records , uma subsidiária da
Mercury Records foi usada como veículo para distribuir a música de
Brown. A Smash lançou em 1964 " Out of Sight ", que atingiu o número 24
nas paradas pop e apontou o caminho para o funk que viria a seguir.
Este disco disparou uma batalha legal entre a Smash e a King.


Durante a metade dos anos 60, duas canções de Brown " Papa's Got a Brand
New Bag " e " I Got You (I Feel Good) ", ambas de 1965 , foram sucessos
tantos nas paradas pop como nas paradas R&B, sendo os singles mais
vendidos por mais de um mês. Em 1966 , "Papa's Got a Brand New Bag"
venceu o Grammy na categoria "Melhor Gravação de Rhythm & Blues". Brown
continuou ganhando fama com aparições em filmes como Ski Party e The
T.A.M.I. Show , no qual ele e os Famous Flames (Bobby Byrd, Bobby
Bennett e "Baby Lloyd" Stallworth) subiam ao palco com os The Rolling
Stones .


Enquanto a década de 60 chegava ao fim, Brown continuava a refinar o
novo idioma do funk. A canção de 1967 (que atingiu o número 1 na parada
R&B), " Cold Sweat ", algumas vezes citadas como a primeira canção funk,
foi a primeira a conter um solo de bateria conhecido como "drum break".
Os arranjos instrumentais de faixas como " Give It Up Or Turnit A Loose
" e " Licking Stick-Licking Stick " (ambas gravadas em 1968 ) e " Funky
Drummer " (gravada em 1969 ) apresentava uma versão mais desenvolvida do
estilo que Brown apresentava até a primeira metade dos anos 60, com a
sessão de sopro , guitarras , baixo e bateria misturados em intricados
padrões e múltiplos riffs .


As mudanças no estilo de Brown que começaram com "Cold Sweat" também
estabeleceram os fundamentos de outros sucessos de Brown, como " I Got
the Feelin' " (1968) e " Mother Popcorn " (1969). Nesta época os vocais
de BRown frequentemente tomavam a forma de um tipo de declamação
rítmica, nem totalmente cantada nem totalmente falada. Isto se tornaria
uma grande influência nas técnicas de fazer rap das décadas vindouras.


As gravações de Brown influenciaram artistas em toda a indústria
musical, mais notadamente Sly Stone e sua Sly & the Family Stone ,
Charles Wright & the Watts 103rd Street Rhythm Band , Booker T. & the
M.G.'s e cantores de soul como Edwin Starr , The Temptations , David
Ruffin e Dennis Edwards . O então pubescente Michael Jackson levou os
gritos e dança de James para o mainstream como líder dos The Jackson 5
da gravadora Motown . Estas mesmas faixas foram mais tarde ressucitadas
por incontáveis músicos de hip-hop à partir dos anos 80. Como resultado,
James Brown permanece até os dias de hoje como o artista mais sampleado
da história com "Funky Drummer" sendo a peça musical mais sampleada
de todos os tempos.


Durante este período, o império musical de Brown cresceu e expandiu sua
influência na cena musical. Enquanto o império de Brown crescia seu
desejo por independência financeira e musical também cresciam. Brown
comprou estações de rádio no final dos anos 60, inluindo a WRDW emn
Augusta, Georgia onde ele engraxava sapatos quando criança.



Por volta de 1970, a maioria dos membros da banda de James em sua
formação clássica tinha deixado a banda em busca de outras
oportunidades, o grupo The Famous Flames também tinha acabado, com
apenas o membro original Bobby Byrd permanecendo com Brown. Brown e Byrd
contrataram uma nova banda que incluía futuros astros do funk, como o
baixista Bootsy Collins , o irmão de Collins, o guitarrista Phelps
"Catfish" Collins e o trombonista e diretor musical Fred Wesley . Esta
nova banda foi chamada de " The J.B.'s " e fez sua estréia no single de
1970 " Get Up (I Feel Like Being A) Sex Machine ". Embora os The J.B.'s
tenham passado por diversas mudanças, com a primeira ocorrendo em 1971,
foi a banda mais conhecida de James.



Em 1971, Brown começou a gravar pela Polydor Records que passara também
a distribuir os discos do catálogo da King Records. Muitos amigos e
músicos de apoio, como Fred Wesley & The J.B.'s, Bobby Byrd , Lyn
Collins , Vicki Anderson e Hank Ballard , lançaram discos pela People
Records , um selo fundado por Brown e que foi comprado pela Polydor como
parte do novo contrato de James. A maioria das gravações feitas na
People tinha a produção do próprio James Brown.


As gravações de Brown pela Polydor durante os anos 70 exemplificam as
inovações de James nos 20 anos precedentes. Composições como " The
Payback " (1973), " Papa Don't Take No Mess ", "Stoned to the Bone" e "
Funky President (People It's Bad) " (1974) e " Get Up Offa That Thing "
(1976) estão entre as mais notáveis gravações durante este período.



Pela metade dos anos 70, o status de estrela de Brown estava em
decadência, e os músicos chaves de sua banda como Fred Wesley o deixaram
para se juntar ao Parliament-Funkadelic . O estilo disco pegou Brown de
"guarda baixa" e anulou o estilo de puro funk nas pistas de dança. Seus
álbuns de 1976 Get Up Offa That Thing e Bodyheat foram as primeiras
aproximações de Brown ao ritmo da disco e as habilidosas produções.
Enquanto os álbuns Mutha's Nature (1977) e Jam 1980s (1978) não geraram
nenhum sucesso nas paradas, o LP de 1979 The Original Disco Man (um
albúm de Disco Music ) fez da canção "It's Too Funky in Here", seu
último sucesso da década. Importante dizer que The Original Disco Man
foi o único álbum que não foi produzido pelo próprio Brown; neste caso
foi produzido por Brad Shapiro.


Brown experimentou um ressurgimento durante os anos 80, aparecendo em filmes
como The Blues Brothers , Doctor Detroit e Rocky IV , assim como uma
participação especial em Miami Vice no episódio "Missing Hours" (1988).
Também gravou Gravity , um álbum tanto quanto popular, lançado pela
Scotti Bros. , e o single de 1985 " Living in America ", que fazia parte
da trilha-sonora do filme Rocky IV . Em 1987 , Brown venceu o Grammy por
Melhor Vocal Masculino de R&B por "Living in America". Brown ainda
colaborou com o artista de hip-hop Afrika Bambaataa no single " Unity ".


Em 1988 , Brown trabalhou com o time de produtores do grupo Full Force
no álbum I'm Real , álbum este altamente influenciado pelo hip-hop, e
que conseguiu colocar o single "Static" em número 5 na parada R&B.
Enquanto isso o remix de "Give It Up Or Turnit A Loose", originalmente
gravado em 1969 e presente na compilação In the Jungle Groove se tornou
tão popular em pistas de hip-hop que um dos fundadores do hip-hop,
Kurtis Blow chamou a canção de "o hino nacional do hip-hop".



Depois de uma temporada na prisão no fim dos anos 80, Brown lançou o
álbum Love Overdue com um novo single "Move On". A Polydor também lançou
em 1991 um box com quatro CDs chamado Star Time . Quase todos os discos
de James foram relançados em CD, sempre com faixas adicionais e
comentários de especialistas.


As apresentações de James Brown eram famosas pela intensidade e duração.
Seu objetivo pessoal era "dar as pessoas mais do que elas vieram
buscar — fazê-las cansar, porque é para isso que elas vieram.'" O
repertório dos shows consistia em sua maioria de seus próprios sucessos
e canções mais recentes, com algumas covers. Brown dançava
vigorosamenteenquanto cantava, fazendo passos de dança, entre eles o
famoso Mashed Potato . Além disso, os músicos e cantores de apoio (The
Famous Flames) apresentavam danças coreografadas, e nas últimas
apresentações, a turnê incluía dançarinos. Brown exibia roupas
extravagantes e cabelos perfeitamente cortados que completavam o visual.


Durante o final dos anos 60 e começo dos anos 70, James Brown foi
reconhecido por seu trabalho social. Em 1966 , ele lançou o single
"Don't Be a Drop-Out" como uma lição para estudantes jovens que tinham a
intenção de desistir dos estudos. Mais tarde fez discursos para dezenas
de crianças lembrando a importância da educação na escola. Em 1967 ,
lnaçou um single patriótico, "America is My Home", que era um "rap"
sobre como ele via as pessoas, particularmente a comunidade
afro-americana, que estava negligenciando o país que poderia dar-lhes
oportunidades e explicando como em um momento ele estava engraxando
sapatos e à seguir, cumprimentando o Presidente dos EUA, como fez com o
Presidente Lyndon B. Johnson quando de seu encontro para a doação de
dinheiro para programas de prevenção de abandono escolar.


Um ano mais tarde, se apresentou em Boston um dia depois da morte de
Martin Luther King, Jr. . É dado crédito a James Brown por evitar uma
revolta naquela cidade devido a esta apresentação. A história é
documentada no filme "The Night James Brown Saved Boston".


Após isso, o Presidente Johnson solicitou a Brown para visitar
Washington, D.C. e cumprimentar moradores do centro da cidade se
apresentando em um concerto beneficente e expressando a noção de que a
violência "não era o caminho a seguir". Muitos da comunidade negra
sentiam que Brown se comunicava com eles mais do que qualquer outro
líder do país, um sentimento que foi fortalecido com o lançamento do
single, " Say It Loud - I'm Black and I'm Proud ".



Brown continuou a se apresentar em vários concertos beneficentes pelos
direitos civis, incluindo a organização PUSH de Jesse Jackson e o
partido dos Panteras Negras . Brown também continuou a lançar singles
com profundo conteúdo social: "I Don't Want Nobody To Give Me Nothing
(Open Up the Door, I'll Get It Myself)" (1969), "Get Up, Get Into It,
Get Involved" (1971), "Talking Loud and Saying Nothing" (1972), "King
Heroin" (1974), " Funky President (People It's Bad) " (1974) e "Reality"
(1975). Na semana anterior a sua morte, Brown levou presentes para
crianças em um orfanato de Atlanta.



Em 23 de Dezembro de 2006, James Brown, doente, apareceu no escritório
do seu dentista em Atlanta, Geórgia várias horas depois do horário
marcado para um implante dentário. Durante esta visita, o dentista de
Brown observou que ele parecia "muito mal… fraco e tonto". Ao invés de
fazer o implante, o dentista recomendou que Brown fosse ao médico
imediatamente.



Brown foi ao Hospital Crawford Long na Universidade de Emory em Atlanta
em 24 de Dezembro de 2006 para uma avaliação médica de suas condições, e
deu entrada neste hospital para observação e tratamento. De acordo
com Charles Bobbit , amigo e agente de longa data, Brown tinha estado
doente e com tosse desde seu retorno de uma viagem a Europa em
Novembro. Bobbit acrescentou que era característico de Brown nunca
contar ou reclamar a alguém sobre estar doente, inclusive durante shows.
Embora Brown tivesse cancelado shows em Waterbury ( Connecticut ) e
Englewood , Brown estava confiante que o médico iria dispensá-lo do
hospital a tempo de realizar shows na véspera do Ano Novo.


Para as celebrações de Ano Novo, Brown estava agendado para se
apresentar no Teatro Count Basie em Nova Jérsei e no B. B. King Blues
Club em Nova Iorque, além disso faria uma apresentação ao vivo na CNN no
programa especial de fim de Ano de Anderson Cooper . No entanto,
Brown permaneceu internado e seu estado de saúde piorou ao longo desse
dia.


Em 25 de Dezembro de 2006, Brown morreu aproximadamente a 1:45 da manhã
insuficiência cardíaca resultante de complicações da pneumonia , estando
ao seu lado, seu agente Frank Copsidas e seu amigo Charles Bobbit.
De acordo com Bobbit, Brown proferiu as palavras "Estou indo embora esta
noite".

Sacada pioneira

O programa Brasil Latino tem o objetivo de divulgar a música brasileira
gravada por toda a América Latina, como também a chamada música latina
gravada por artistas brasileiros, enfim, todas as canções que passarão
pelo programa terão algo de Brasil, seja na composição, na interpretação
ou na execução, fazendo assim um Brasil mais latino e uma América mais
brasileira. E como diz a vinheta da ótima rádio carioca MPB fm: "MPB é
tudo", e poderíamos acrescentar, inclusive música latina, afinal de
contas o Brasil não fica na Oceania.

O "Brasil Latino" trará gravações que dificilmente tocariam em rádios
tupiniquins, mostrando discos que jamai serão editados por aqui, o
programa mostrará também músicas brasileiras influenciadas pelos
estilos e ritmos latinos.

O "avant premiere" do BL, traz o cantor e compositor pop argentino Fito
Paez cantando Tom Jobim; a leitura do uruguaio Jorge Drexler para "o que
será" de Chico Buarque; o velho Simona com um cha cha cha echo en
Brasil; o pianista cubano Bebo Valdez & Diego el Cigala & Caetano Veloso
na versão de "eu sei que vou te amar; Secos & Molhados musicando Julio
Cortazar; o grupo Raíces de América; Selma Reis e um tango tupiniquim;
Pedro Aznar cantando Cazuza; o Buarque daqui cantando o "Buarque" de
Cuba; Moska traduzindo Drexler, e outras cositas mais.

O programa é produzido e apresentado por Mario André, e em breve
emergirá em alguma grande rádio do Brasil, mas por enquanto você só
ouve aqui no Paz & Música.

Para realizar o download, clique no link a seguir:
[Brasil Latino nº1]

Um anjo com sexo

Lily Laskine nasceu em 1893 de pais russos que haviam emigrado para Paris. Seu nascimento, vem depois de um irmão com três anos, contrariando seu pai médico, que queria outro menino. Na sua opinião, as meninas eram "sem valor". mais tarde na carreira Lily Laskine provou o quão errado ele estava.

"Meus pais foram maravilhosos". Seu pai era um fervoroso amante de música. Ela dizia que ele era obcecado por ela, em ficando em êxtase ao ouvir algumas peças. Sua mãe Dora, uma pianista admirável, era acima de tudo, uma mulher de caráter, com uma vontade forte. Ela deixou o piano para dedicar seu tempo para o que mais contava, em sua opinião: seus
filhos, especialmente Lily.

Lily foi introduzida pela primeira vez ao piano, mas não mostrou entusiasmo particular. Sua mãe sugeriu um outro instrumento, a harpa, durante uma festa de família. Lily pareceu encontrar seus mais profundos sentimentos nesta primeira experiência com a harpa. A mãe disse que "a harpa é a música dos anjos, e então ela tornou-se uma harpista. Lily tinha que praticar seu instrumento 6 horas por dia, embora seu único desejo fosse ir para a escola com outras crianças. Mas sua mãe incentivou, empurrou, estimulou-a. Sempre curiosa, ela fazia suas escalas e exercícios de preparação, enquanto secretamente lia livros de Victor Hugo, Dumas e Zola, que ficavam escondidos atrás da estante de música.

Promessa que virou realidade


No dia 11 de agosto de 2010 assisti no teatro Rival o primeiro show da carreira solo do músico, cantor e compositor Gabriel Cavalcante. Ele que no alto de seus 24 anos, a muito deixou de ser uma "jovem promessa", digo isso por que o acompanho desde as fraldas, e posso dizer sem susto que o Gabriel é hoje uma refinada e absoluta realidade no tão díspare cenário do samba
carioca.

Boa voz, excelente cavaco e um repertório impecável, fazem do músico um legítimo guardião das melhores tradições do ritmo mais popular e amado da Terra Brasilis, o samba. Gabriel está longe de ser apenas mais um "pagodeiro", o moçoilo é Sambista de fato e de direito, é nítido se perceber as raízes mais fortes do samba trançadas por suas entranhas, como também a poesia mais pura do samba brilhando em seu olhar, e ainda surdos, pandeiros e tamborins dando a marcação de sua pressão arterial.

Em minha modesta observação há quatro gerações já definidas de grandes sambistas. A primeira no começo de tudo: Donga, Noel, sinhô, Ismael, Bide & Marçal, Ari Barroso, etc...; a segunda que eu chamo de fase lírica, onde estão: Cartola, Nelson Cavaquinho & Guilherme de Brito, Padeirinho, Manacéia, Ivone Lara, Silas de Oliveira, Candeia, etc...; a terceira inclui, além de sambistas natos, compositores que não se fixaram apenas no samba, e nessa estão: João Nogueira, Paulinho da Viola, Nei Lopes, Chico Buarque, João Bosco & Aldir Blanc, Martinho da Vila, etc...; a quarta geração traz o chamado "fundo de quintal", erroniamente rotulado de "samba de raiz", e nela figuram: Jorge Aragão, Arlindo Cruz & Sombrinha, Zeca Pagodinho, Almir Guineto, Mauro Diniz, etc...; e o nosso sambista em questão, Gabriel Cavalcante, certamente gravará seu nome em uma quinta geração que vem se formando nos últimos dez anos.
Quem é aficcionado pelo digno e bom samba, fique atento a este verdadeiro "peso pesado" do samba.



Por Mario Medella

[Dicas do Melômano] É Batata! - Tio Samba


A banda é formada por: Carlos Mauro (voz & gaita), Simone Lial (voz), Gilson Santos (trompete), Whatson Cardozo (clarineta & sax alto), Marcio Arese (sax tenor), Fabiano Segalote (trombone & bombardino), Davi Nasa (tuba), Thiago Cunha (cavaquinho), Bernardo Dantas (violão de 7 cordas), Fred Alves, Felipe Tauil e Marconi Bruno (percussão).

O Tio Samba, orquestra típica de samba formada em 1998, apresenta um repertório de composições de Noel Rosa, Ismael Silva, Geraldo Pereira, Ary Barroso, Cartola, Baden Powell, Tom Jobim, Chico Buarque e outros autores geniais, dando-lhes nova roupagem com arranjos que unem os característicos instrumentos de cordas e percussão dos grupos regionais de samba e choro aos sopros geralmente utilizados nas bandas de música. Conta ainda com dois cantores que atuam também em dueto, em interpretações muitas vezes teatrais e hilariantes. O resultado é uma sonoridade diferenciada, muito vibrante e também sofisticada. Suas apresentações são um convite para a dança e, ao mesmo tempo, um presente para os mais exigentes ouvidos, amantes do samba orquestrado.
O grupo já tocou com grandes compositores e intérpretes do samba, dentre eles, Wilson Moreira, Walter Alfaiate, Delcio Carvalho, Tia Surica e Paulo Marquez, além de ter se apresentado com artistas como Nana Caymmi, Germano Mathias e Luciana Alves. Em seu currículo incluem-se apresentações em diversas casas de espetáculo, destacando-se a Sala Sidney Miller, da Funarte, o Centro Cultural da Light, o Teatro Rival, o Teatro Municipal de Niterói, a Choperia do Sesc-Pompéia, o Centro de Convenções do Anhembi, o Rio Scenarium e o Centro Cultural Carioca.
O Tio Samba tem se especializado em projetos homenageando figuras centrais da história de nossa música popular, como Ary Barroso (Café Zurrapa, 2003) e Carmen Miranda (É Batata!, 2009), por ocasião de seus centenários de nascimento. Em setembro de 2003, o Tio Samba lançou seu primeiro CD, Quero Ver (Ethos Brasil / Tratore), com composições próprias e obras de nomes consagrados do samba. Atualmente, está divulgando o CD É Batata! (Centro Cultural Carioca Discos/Universal), cujo lançamento aconteceu em janeiro de 2010.

Eletrônica & Sentimento

Evángelos Odysséas Papathanassíu, mais conhecido como Vangelis, é um músico grego de renome internacional nos estilos neo classico , progressivo , música eletrônica e ambiente .

Nascido em Vólos, Grécia, a 29 de março de 1943, Vangelis começou a compor desde os quatro anos de idade, tornando-se um grande autodidata da música. O músico recusou as
tradicionais aulas de piano, e durante sua carreira não tinha muito
conhecimento para ler ou escrever partituras . Estudou música clássica,
pintura e direção na Academia de Artes em Atenas.
No início dos anos 60 formou um grupo pop, o Forminx (ou "Formynx"), que
se tornou muito popular na Grécia. Na época do Motim dos Estudantes em
1968 mudou-se para Paris e fundou a banda de rock progressivo
Aphrodite's Child com os integrantes Demis Roussos , vocalista, e Loukas
Sideras . São conhecidas na Europa , como também no Brasil, como canções
de sucesso: " Rain and Tears ", " It’s Five O’Clock " etc. O grupo
se desfez em 1972 , ainda que Roussos tenha feito diversas participações
nos trabalhos de Vangelis.


Vangelis iniciou sua carreira solo escrevendo temas para dois filmes do
cineasta francês Frederic Rossif em 1973 . Seu primeiro álbum solo
oficial saiu em 1974 , o Earth . Na mesma época, participou de ensaios
com outra banda de rock progressivo , Yes . Embora nunca tenha feito
parte da banda, tornou-se amigo do cantor Jon Anderson , com quem veio a
trabalhar em algumas ocasiões.


Quando se mudou para Londres , Vangelis firmou contrato com a RCA
Records , montou seu próprio estúdio, o ( Nemo Studios ), começando a
gravar uma série de álbuns respeitados de música eletrônica . Faixas do
aclamado álbum Heaven and Hell de 1975 foram mais tarde utilizadas como
tema da série Cosmos .



Nos anos 80 e 90 produziu diversos álbuns em parceria com Jon Anderson
Jon & Vangelis . Em 1982 Vangelis venceu na categoria do Oscar de Melhor
Trilha Sonora Original por Chariots of Fire . O tema ficou no topo da
lista da Billboard americana por uma semana.


Em 1983, Vangelis lançou "Antartica", uma banda sonora bastante
conhecida em Portugal pelo seu uso como fundo nas previsões
meteorológicas do Canal 1 na primeira metade dos anos 90


No ano em que começou seu trabalho com o diretor Ridley Scott , Vangelis
produziu o tema dos filmes Blade Runner e 1492 - A Conquista do Paraíso
. Alguns dos documentários submarinos de Jacques Cousteau também levam a
assinatura de Vangelis. Em 1992, a França o condecorou como Chevalier
Order of Arts and Letters .


Em 2001 lança Mythodea (mais orquestral que eletrônico) que foi escrita
em 1993 e depois foi usada com tema pela NASA nas missões a Marte . Em
2004 lançou um CD com a Trilha Sonora do filme Alexandre ( Alexander )
de Oliver Stone .


* Sex Power ( 1970 ) - tema
* Fais Que Ton Reve Soit Plus Long Que La Nuit ( 1972 )
* L'Apocalypse des animaux ( 1973 ) - tema
* La Fete Sauvage ( 1973 ) - tema
* Earth ( 1973 )
* [Cosmos] ( 1974 )
* Heaven and Hell ( 1975 )
* The Vangelis Radio Special ( 1976 )
* Albedo 0.39 ( 1976 )
* Ignacio ( 1977 )
* Spiral ( 1977 )
* Beaubourg ( 1978 )
* Hypothesis ( 1978 )
* The Best of Vangelis ( 1978 ) - coletânea
* Opera Sauvage ( 1979 ) - tema
* China ( 1979 )
* Odes ( 1979 ) - with Irene Papas
* See You Later ( 1980 )
* Short Stories ( 1980 ) - como Jon & Vangelis
* Chariots of Fire ( 1981 ) - tema
* The Friends of Mr. Cairo ( 1981 ) - as Jon & Vangelis
* To the Unknown Man ( 1982 ) - coletânea
* Private Collection ( 1983 ) - como Jon & Vangelis
* Antarctica ( 1983 ) - tema
* Soil Festivities ( 1984 )
* The Best of Jon & Vangelis ( 1984 ) - como Jon & Vangelis
* Magic Moments ( 1985 ) - coletânea
* Mask ( 1985 )
* Invisible Connections ( 1985 )
* Rhapsodies ( 1986 ) - com Irene Papas
* Direct ( 1988 )
* Themes ( 1989 ) - coletânea
* The City ( 1990 )
* Page of Life ( 1991 ) - como Jon & Vangelis
* 1492: Conquest of Paradise ( 1992 ) - tema
* Blade Runner ( 1994 ) - tema de 1982 do filme Blade Runner
* Chronicles ( 1994 ) - como Jon & Vangelis
* Foros Timis Ston Greco ( 1995 ) ( El Greco edição limitada)
* Voices ( 1995 )
* Oceanic ( 1996 )
* Portraits (So Long Ago, So Clear) ( 1996 ) - coletânea
* El Greco ( 1998 ) - edição comercial
* Mythodea ( 2001 )
* Reprise 1990–1999 ( 2000 ) - coletânea
* Odyssey: The Definitive Collection ( 2003 ) - coletânea
* Ithaca ( 2004 ) - Declamação de poema de Cavafy na voz de Sean
Connery - edição limitada
* Alexander - tema ( 2004 )

17 de agosto de 2010

O Menestrel Latino

Expoente da música cubana surgida com a Revolução Cubana , Silvio
Rodriguez é um
dos cantores cubanos contemporâneos de maior relevo internacional,
criador juntamente com Pablo Milanés , Noel Nicola , Vicente Feliú e
outros músicos do movimento da Nova Trova Cubana. Considerado um poeta
lúcido e inteligente, capaz de sintetizar o intimismo e os temas
universais com a mobilização e a consciência social.

Silvio Rodríguez Domínguez, filho de Argelia e Dagoberto, nasceu a 29 de
Novembro de 1946 na vila de San Antonio de los Baños ( Cuba ). Aos cinco
anos, a família muda a residência para a capital, Havana . Lá recebe
gratuitamente, aos sete anos, aulas de piano, graças a Margarita Pérez
Picó. Com a idade de apenas dez anos, os pais divorciam-se e a mãe
leva-o com a irmã de volta à sua vila natal, até regressarem a Havana
em 1958 , um mês antes da Revolução triunfar. Em 1961 , Silvio participa das campanhas de alfabetização, e um ano
depois começa a trabalhar como desenhista de tiras (histórias em
quadrinhos) no semanário Mella, onde Lázaro Fundora põe nas mãos dele
pela primeira vez um violão. É também nessa altura que conhece Vicente
Feliú.

Em 1964 , incorpora-se à tropa, onde vai começar a tocar violão e compor
canções durante os tempos livres como meio de combater o aborrecimento.
Dessa época são conhecidas composições como "El Viento Eres Tú", "Y Nada
Más", "La Canción de la Trova" ou "Quédate". Forma ainda um dueto com
Luís López, que tocava guitarra eléctrica. Logo vai começar a escrever
artigos jornalísticos e poemas para diversas revistas. Em 1967 , Mario
Roemu, pai de uma amiga de Silvio, encoraja-o para se apresentar no
programa de televisão "Música y Estrellas", e faz-lhe alguns arranjos de
"Sueño del Colgado y la Tierra" e "Quédate", as canções que iria
interpretar. É nesses anos que começa a actuar de forma solo ou como artista
acompanhante de César Portillo de la Luz (autor do conhecido bolero
"Contigo en la Distancia"), e entra na Casa de las Américas, organização
cultural dirigida por Haydée Santamaría , onde encontrou com outros
cantores de intervenção como Pablo Milanés e Noel Nicola .
À morte de Che Guevara , Silvio compõe com sons roqueiros "La Era Está
Pariendo un Corazón" e "Fusil Contra Fusil", canções que em 1968 iria
incluir no seu disco colectivo "Hasta la Victoria Siempre". Também iria
começar nessa altura a aparecer como artista principal no programa de
televisão "Mientras tanto", que no fim-de-ano foi retirado da emissão
após ter Silvio elogiado os Beatles . No ano seguinte ( 1969 ), foi como
trabalhador no barco pesqueiro Playa Girón, navegando durante quase
cinco meses pelo Oceano Atlântico nas costas africanas (aportando nas
Canárias e Senegal ). Durante a viagem, compõe 72 canções,
muitas delas conhecidas, como "Ojalá", "Playa Girón", "Boga, Boga",
"Jerusalén Año Cero", "Cuando Digo Futuro" e "Al Final de Este Viaje en
la Vida", que muitos anos depois seriam editadas no livro de poesia
Canções do Mar.
No início dos anos setenta, junto a Pablo Milanés e outros que mais
tarde iriam fazer parte da Nova Trova, integra o Grupo de Experimentação
Sonora do ICAIC (GESI), que se encarregaria de gravar trilhas sonoras
para filmes e documentários cubanos diversos. Recebe uma completa
educação musical graças a vultos reconhecidos como o compositor e
guitarrista Leo Brower. O GESI investigaria e fusionaria elementos da
música tradicional cubana e brasileira(tropicália e bossa nova), o rock , o jazz , a música
clássica, a música electrónica, o happenin, o fenómeno beat, etc...
resultando em sons originais. Desta altura são algumas gravações como
"Fusil Contra fusil", "El Papalote", "Cuba Va" (um curioso rock cantado
junto a Pablo Milanés e Noel Nicola), "De la Ausencia y de Ti", "Velia",
"El Mayor", " Granma " (obra colectiva), "Oveja Negra", "Si Tengo un
Hermano", etc. Estas canções iriam ser editadas, anos mais tarde, em
discos como "Los Tres del Gesi", "Cuando Digo Futuro" ou "Memorias".
Em 72 , faz uma tourné pela Alemanha e Chile , onde partilha cenário
com Isabel Parra (filha de Violeta ) e Víctor Jara (que morreria
assassinado no ano seguinte após o golpe militar de Pinochet). Nesse ano
decorre em Havana o Encontro de Música Latino-americana. No final do
ano, a 1 de Dezembro, Silvio, Pablo e outros novos cantores cubanos, a
maior parte ligados ao GESI (Noel Nicola, Eduardo Ramos, Augusto Blanca,
Pedro Luís Ferrer, Santiago Feliú, Vicente Feliú, Sara González, Pancho
Amat - que anos depois faria parte do conjunto de Juan Perro, etc.),
unem-se para constituírem a Nueva Trova Cubana, dedicando-se a procurar
novos trovadores por toda a ilha.
Já em 74 , organiza-se na República Dominicana o Festival Internacional
de Cantores Sete Dias com o Povo, ao qual assistiu uma delegação cubana
composta por Silvio e Noel Nicola. Outros artistas participantes desse
evento seriam Mercedes Sosa , Los Guaraguao, Danny Rivera, Roberto
Darkin, Pi de la Serra, Guadalupe Trigo e Expresión Joven, entre outros.
Foi a primeira vez que Silvio cantou perante um estádio lotado.
No ano seguinte, grava o seu primeiro LP, Días y Flores , acompanhado
pelos músicos do GESI e da Orquestra EGREM. Na Espanha de Franco o disco
mudou o nome para "Te Doy una Canción", devido à proibição governativa
da canção que dava título ao disco e de "Santiago de Chile"). Especial
destaque para as canções "Pequeña Serenata Diurna", com ares de bossa
nova brasileira, "Yo Digo que las Estrellas" e a surrealista "Sueño con
Serpientes". O uruguaio Daniel Viglietti gravaria também um disco com o
GESI.
Em 1976 , Silvio alista-se como membro da "brigada artística" para ir
junto das brigadas internacionalistas cubanas para a guerra de Angola.
Após ter feito "Testamento" (depois gravado no disco Rabo de Nube ),
parte para esse país, onde compõe, entre outras, "Canción para Mi
soldado", "Pioneros" e "La Gaviota".
Ao regresso, faz uma tourné pela Espanha, onde gravaria acompanhado apenas
de seu violão o disco "Al Final de Este Viaje" , onde cantava algumas das
suas primeiras canções (algumas delas já gravadas com o GESI e editadas
em discos compilatórios), tais como "Ojalá", "La Era Está Pariendo un
Corazón", "Canción del Elegido" e "Óleo de Mujer con Sombrero".
O seu seguinte disco, em 1979 , também seria só com violão, embora já com uma técnica mais madura; intitulou-se Mujeres e
incluiu obras como "Adónde Van", o humorístico "Cierta Historia de Amor"
e "Qué Hago Ahora (¿Dónde Pongo lo Hallado?)".
No fim da década de setenta viaja pela primeira vez aos Estados Unidos ,
cantando junto a Pete Seeger, e a seguir à Dinamarca e Noruega . A
partir dessa altura, começaria a fazer tournés pela América Latina toda
e pela Península Ibérica. Em 1980 , gravou Rabo de Nube I (embora o
segundo volume jamais chegaria a ser gravado), onde combinava
elementos acústicos com teclados e sintetizadores. O disco incluía a
colaboração da irmã de Silvio, Anabel López, na canção "Te Amaré" e de
Yanela Lojos na harpa de "Rabo de Nube". O disco incorporava ainda
canções como "Vamos a Andar", "Fábula de los Tres Hermanos" e
"Testamento", que termina com uma curiosa côdea instrumental.
Em 1982 , gravou Unicornio, que incluía a canção homônima e que
posteriormente iria converter-se na mais famosa de Silvio.
O disco, com uma orquestração mais rica do que a anterior, incluía ainda
a "Canción urgente para Nicaragua ", uma homenagem à Revolução
Sandinista de 1979 , "Por Quien Merece Amor", uma crítica aos EUA e um
canto à solidariedade internacionalista cubana, "La Maza" (com ritmo de
chacarera argentina) e outros títulos de temática diversa. Na tourné
estaria acompanhado por Pablo Milanés e mais três músicos.
O concerto na Argentina , com a colaboração de músicos como León Gieco,
seria editado posteriormente em disco. Em 1983, colabora
no disco do espanhol Luis Eduardo Aute Entre Amigos . No ano seguinte,
grava o disco triplo "Tríptico Volume I", acompanhado de EGREM, antigos
músicos do GESI, e as cordas da Camerata Brindis de Salas, com
colaborações como Anabel López, Pablo Milanés, Pancho Amat ou o conjunto
Manguaré. Ainda em 83, participa com dois títulos no trabalho colectivo
já mítico gravado em Manágua em apoio da Revolução Sandinista : "Abril
en Managua . Concerto da paz na Centro-América"; um grande concerto em
que participam artistas do panorama revolucionário latino-americano como
Gabino Palomares e Amparo Ochoa ( México ), Ali Primera ( Venezuela ),
Mercedes Sosa (Argentina), Luís Enrique e Carlos Mejía Godoy & Los de
Palacagüina ( Nicarágua ), Chico Buarque e Raimundo Fagner ( Brasil ),
Daniel Viglietti ( Uruguai ), etc. Silvio cantou nessa tarde memorável
"El Dulce Abismo" e "Canción Urgente para Nicaragua ".
Em 1985, colabora no disco Querido Pablo , onde Pablo Milanés dá uma
vista de olhos às suas velhas músicas, com novos arranjos e colaborações
de velhos amigos, cantores e escritores. No mesmo ano, começa uma tourné
com o grupo Afrocuba, dirigido por Oriente López, e com mais de uma
dezena de músicos. Com eles, grava em 1986 em Madrid (Espanha) o disco
duplo "Causas y Azares", com canções como "Te Conozco", "Sueño de una
Noche de Verano" (rock), "Canción en Harapos" (crítica à hipocrisia e a
acomodação dos pequenos-burgueses), "Requiem" (triste canção de desamor) e a
energética "No Hacen Falta Alas".
Em 1988 , entre Londres e Havana, grava "Oh, Melancolía" , também disco
duplo, com títulos como a feminista "Eva", "Jerusalén Año Cero", leitura
revolucionária da figura de Jesus Cristo, "En el Jardín de la Noche"
(homenagem à Lua e às viagens espaciais) e "El Extraño Caso de las Damas
de África".
Já em 1990 , Silvio faz uma tourné com o mítico grupo cubano Irakere e
com o pianista Chucho Valdés . Após o fim da ditadura militar chilena,
viaja com o seu grupo a esse país e dá um concerto no Estádio Nacional
de Santiago , perante 80.000 pessoas. Desse concerto iria ser editado um
disco triplo (e CD duplo) em que aparecem títulos nunca antes gravados
em estúdio, como "Venga la Esperanza" ou "El Hombre Extraño", dedicada
ao cantor chileno Víctor Jara.

Em 1992 fez uma tourné com Diákara (músicos de Afrocuba e Irakere e
começa a gravar um disco que ainda não foi publicado. Nessa altura é que
principia a apoiar músicos da chamada Novíssima Trova Cubana, como
Carlos Varela, e colabora em discos de diversos artistas e grupos, tais
como Taller Canario.
Em 1992 é publicado o disco Silvio , primeiro de uma trilogia.Seguiram-se
Rodríguez ( 1994 ) e Domínguez ( 1996 ). Esses discos, com grande
sucesso entre o público, incluem temas como "Quién Fuera", "La Guitarra
del Joven Soldado" (a lembrar a sua juventude), o swing "La Desilusión",
"Escaramujo", que tem uma versão a cargo do grupo coral cubano Vocal
Sámpling), "Flores Nocturnas" (um canto às prostitutas), "Desnuda y con
Sombrilla", (um original tema erótico), "Ala de Colibrí", "Canción del
Trovador Errante" (totalmente falado sobre um fundo electrónico), "Me
Quieren" (tema engraçado dedicado aos seus "inimigos"), ou "Reino de
Todavía" (sobre a situação actual entre Cuba e os Estados Unidos). Esta
trilogia tem quase somente violão (com algumas pitadas de percussão manual e
"natural", além de ligeiros elementos electrónicos em Domínguez.
Já no fim da década, em 1999 , editou com o guitarrista Rey Guerra o
disco Mariposas , em que colaborou a companheira de Silvio, Niurka
González, que toca flauta em dois temas. Disco não tão bem sucedido como
os anteriores, incluiu temas como "Olivia", "Viñeta" e "Sin Hijo ni
Árbol ni Libro".

Após um período sem tournés, deu-se à tarefa de compor e arranjar o seu
próximo disco, desta vez orquestrado. Intitulado Expedición , foi
editado em 2002 , contando com a participação de membros da Orquestra
Nacional de Cuba, alguns dos músicos habituais na discografia de Silvio,
incluída a irmã Anabel López, Pancho Amat, Niurka González, Yanela
Lojos, etc, estudantes de música e membros do conjunto Diákara. Inclui
canções como "Tiempo de Ser Fantasma", "Sortilegio", "Fronteras" o
"Anoche Fue la Orquesta".
Cita con Ángeles , de 2003 , com canções compostas nessa altura, é um
disco de importante compromisso político, com denúncias contra o
imperialismo e a guerra contra o povo Iraquiano ("Sinuhé"), mensagens
contra Bush , Tony Blair e Aznar, e referências ao 11 de Setembro . O
disco foi dedicado à sua filha Malva e ao seu neto Diego, recém-nascidos
no momento em que o disco era gravado.
Em 2006 , publica "Érase que se Era" , compilação de canções de etapas muito recuadas na sua
carreira musical (entre 1968 e 1970 ).
Silvio e Pablo tornaram-se um pouco conhecidos no Brasil, graças a
gravações de Chico Buarque: "Pequeña Serenata Diurna"(1978), no
antológico disco das samambaias e depois "Yolanda" e "De Que Callada
Manera"(como se fosse a primavera).
Existem variações de sua discografia em função de diversas causas:
chancela discográfica, editoras, censura, etc, tendo sido alterados
alguns discos, títulos e capas. Contudo, podemos dizer que esta é
aproximadamente a discografia original:
* Días y flores ( 1975 )
* Al final de este viaje... 1968/1970 ( 1978 )
* Mujeres ( 1979 )
* Rabo de nube ( 1980 )
* Unicornio ( 1982 )
* Silvio Rodríguez y Pablo Milanés en vivo en Argentina ( 1984 )
* Tríptico (álbum) (triplo LP, 1984 )
* Causas y azares ( 1986 )
* Oh melancolía ( 1988 )
* Silvio Rodríguez en Chile ( 1990 )
* Silvio ( 1992 )
* Mano a mano (com Luis Eduardo Aute ) ( 1993 )
* Rodríguez ( 1994 )
* Domínguez ( 1996 )
* Descartes ( 1998 )
* Mariposas ( 1999 )
* Expedición ( 2002 )
* Cita con ángeles ( 2003 )
* Érase que se era ( 2006 )
* Segunda Cita(2010)

[Dicas do Melômano] Coisas - Moacir Santos (1965)



"Coisas" recebeu este nome por humildade de seu autor, Moacir Santos , que preferiu batizar suas composições de "coisas" ao invés de "opus", pois não as achava à altura de tal título. E o título não poderia ser mais feliz, pois a criação do maestro foi e ainda é um conjunto de peças indecifráveis e inclassificáveis. São mais que músicas, são coisas, são outras coisas. Moacir Santos fundiu orquestrações e linhas de metais com percussões afro, o que resultou explosivo em arranjos cinematográficos.

Após lançar este disco, não por acaso, o regente deixou o Brasil para, entre outras coisas, escrever trilhas sonoras nos Estados Unidos, onde morou até o final de sua vida. "Coisas", por sua vez, saiu de catálogo
para entrar para história. Felizmente, foi relançado em CD, em 2004.

Em entrevista ao site Mr.Samba, o compositor define música "como a rosa:
tudo tem que ser perfeito. Você encontra tudo como num desenho, é uma
beleza, é uma coisa". "Coisas" é isso: as músicas são como
esculturas. Quando se escuta, de tão sólidas, tem-se a impressão de que
são objetos, que podem ser vistas; tem-se a sensação de que se pode
tocá-las.




Por Rodrigo Silveira

Soul Básico

Das baladas doloridas às melodias ensolaradas, a soul music é um vasto terreno com origem na música gospel que foi ganhando registro na forma de singles, muito mais do que em álbuns completos. Porém, com o sucesso de alguns artistas e suas gravadoras – Otis Redding e Isaac Hayes, na Stax, em Memphis, ou Stevie Wonder e Marvin Gaye, na Motown, em Detroit
– o gênero rendeu discos que se tornaram verdadeiros clássicos. A obra desses astros pavimentou o caminho para a música negra moderna e influenciou o pop produzido nas décadas seguintes. Prince, Outkast e até Gnarls Barkley são alguns exemplos.

No rap, o soul encontra eco nos trabalhos das cantoras Erykah Badu e Lauryn Hill – isso sem falar na extensa gama de bases sampleadas por inúmeros grupos. Recentemente, uma série de novos artistas ressuscitou o gênero com todo o louvor merecido. Depois do surgimento de Amy Winehouse e seu “Back to black”, ganharam destaque a banda Eli “Paperboy” Reed and The True Loves, com “Roll with you”, e ainda o compositor, produtor e arranjador Raphael Saadiq, que lançou no ano passado o disco de inéditas “The way I see it”. A lista abaixo, com 15 álbuns essenciais para entender o soul, é uma introdução ao gênero e propõe obras indispensáveis na discoteca básica do ouvinte. O G1 contou com as informações do guia “Soul and R&B”, de Peter Shapiro, e com a consultoria do jornalista Filipe Luna, idealizador da festa dedicada ao soul Talco Bells – que rola todo mês, no Cambridge, em São Paulo.

"Modern Sounds In The Country And Western Music", Ray Charles, 1962 Ray Charles pode ser considerado o artista responsável por dar forma ao soul como o gênero viria a ser consagrado nos anos 60. Foi ele quem levou a sonoridade da igreja para a música, popularizando o esquema “call and response” (“chamado e resposta”) em suas canções. É dele também uma das faixas fundamentais do soul: “What'd I say”, de 1959, traz a receita original do estilo. Na série “Modern sounds in country and western music”, o cantor e pianista cego explora outras sonoridades, como o próprio título já entrega, mas conserva a pegada que o imortalizou. O álbum reúne clássicos como “You don’t know me” e “I can’t stop loving you”.

"The Impressions", The Impressions, 1963 Muito além de ser a banda de apoio de Curtis Mayfield, o grupo vocal ajudou a dar forma ao soul de Chicago definido por ele. Se suas canções
eram doces e animadas, elas mantiveram a alma graças à tradição gospel. Seu primeiro álbum, “The Impressions”, foi uma das melhores estreias de soul dos anos 60. Quase todas as canções do repertório haviam sido escritas por Mayfield, incluindo “Gypsy woman”, composta quando ele tinha 14 anos. “It’s all right”, considerada uma das melhores, ganhou a interpretação harmônica sublime dos integrantes, aliada aos metais cheio de suingue e à guitarra inconfundível de Mayfield.

"Live At The Apollo", James Brown, 1963 Dono de muitos apelidos, de padrinho do soul a Mr. Dynamite, nenhum outro artista do gênero teve a energia de palco de James Brown. Justamente por isso o disco que melhor o representa é “Live at the Apollo”, uma série estonteante gravada ao vivo no famoso teatro de Nova York. Ao longo dos três álbuns, o músico demonstra, hit após hit – “I'll go crazy”, “Try me”, “Think”, “Please please please”, “I don't mind”, “Night train”, só para citar alguns – toda a sua capacidade musical. A reação incendiada da plateia não deixa dúvida disso.

"Otis Blue: Otis Redding Sings Soul", 1966 Um dos mais influentes cantores de soul dos anos 60 teve uma curta carreira cujo auge se deu no terceiro álbum. “Otis Redding sings soul” foi lançado um ano antes de sua morte, aos 26. Sua obra foi suficiente para que Redding ganhasse o respeito de bandas como os Rolling Stones, que gravaram duas canções suas: “That's how strong my love is" e "Pain in my heart”. Em retribuição, o cantor lançou neste álbum uma elogiada versão de “(I can’t get no) Satisfaction”. Entre outros covers clássicos estão “A change is gonna come” (Sam Cooke) e “My girl” (composição de Smokey Robinson que se tornou sucesso na voz do grupo Temptations).

"I Never Loved A Man The Way I Loved You", Aretha Franklin, 1967 A cantora, compositora e pianista não poderia ser chamada por uma alcunha diferente da de “lady soul”. Suas raízes gospel datam da época em que começou a cantar, ao lado das irmãs, na igreja de seu pai, o reverendo C.L. Franklin, na Detroit dos anos 50. Na verdade, suas primeiras gravações foram como cantora gospel aos 14 anos. Ela seguiu lançando singles pela Columbia, mas foi o álbum “I never loved a man the way I loved you”, já na Atlantic, que revelou toda a paixão e a intensidade que fazem de sua voz algo único. A interpretação de “Respect”, de Otis Redding, por si só já valeria o disco, mas ele tem outras pérolas como “A change is gonna come”, de Sam Cooke, nome importante na história do soul.

"Hot Buttered Soul", Isaac Hayes, 1969 Com ajuda dos Bar-Kays como banda de apoio, Isaac Hayes ousou lançar, em 1969, um disco com apenas quatro faixas e muitos minutos de duração. Em sua obra-prima, o dono da voz do Chef da série "South Park" alterna monólogos sobre o amor ferido e instrumentações inspiradas. Aqui, ele expande o formato da soul music com arranjos orquestrais e metais poderosos, tudo temperado com guitarras cheias de malícia - o complemento perfeito para o seu vozeirão. Hayes, morto em 2008, influenciaria outros artistas: a base de "Ike’s Rap III", do disco “Black Moses” (outro clássico do cantor, lançado em 1971), aparece em músicas dos ingleses Tricky e Portishead, e até do grupo de rap paulistano Racionais MC's.

"Stand!", Sly And The Family Stone, 1969 Foi a partir de tendências díspares do final dos anos 60 que a banda californiana criou uma mistura única de soul, rock, funk e R&B que influenciaria as gerações seguintes. Além de ser um grupo multicultural, formado por homens e mulheres de diferentes raças, o Sly & the Family Stone foi um dos pioneiros a tocar em assuntos políticos em suas letras, fazendo com que isso se tornasse uma tradição não só entre os grupos de soul, mas também de funk e principalmente rap. Ao lado de James Brown, o grupo levou o funk para o mainstream. Essa efervescência se traduz no álbum “Stand!”, com suas melodias coloridas, guitarras psicodélicas e consciência social.

"Diana Ross Presents The Jackson 5", Jackson 5, 1969 A banda que revelou o futuro rei do pop Michael Jackson foi o primeiro grupo na história a ter os seus primeiros quatro singles no topo das paradas americanas: "I want you back", "ABC", "The love you save" e "I'll be there". Jackson e seus irmãos mais velhos – Jackie, Tito, Jermaine e Marlon – se tornaram a grande sensação da gravadora Motown ao lançar seu álbum de estreia, apadrinhado pela estrela Diana Ross. Nele, o grupo interpreta canções de Stevie Wonder (“My cherie amour”), Smokey Robinson (“Who’s lovin’ you”), The Corporations (“Nobody”), entre outros. Traçando um caminho que foi além do soul, o grupo incorporou elementos de doo-wop e bubblegum ao seu repertório, com refrãos cantaroláveis e melodias fáceis.

"Everything Is Everything", Donny Hathaway, 1970 Se não tivesse morrido tão jovem, Donny Hathaway teria sido provavelmente um dos grandes nomes da música negra. A voz macia – presente em canções como “The ghetto” – contrasta com as circunstâncias trágicas de sua morte – um aparente suicídio, aos 33 anos. Mas seu legado musical é cheio de alma. Além de ter trabalhado nos bastidores como produtor, arranjador e músico de apoio para artistas como Aretha Franklin, Roberta Flack e Curtis Mayfield, seu primeiro álbum solo, feito à base de lindos arranjos em uma atmosfera gospel, não se parecia com nada que já tinha sido feito até 1970.

"What's Going On", Marvin Gaye, 1971 Muito além de ser a obra-prima de Marvin Gaye, “What’s going on” é considerado um dos discos mais importantes da soul music. O álbum revela a voz ímpar de um artista agora livre da imagem de símbolo sexual do R&B. Se antes ele se sentia encarcerado pela máquina de fazer hits da Motown, agora Gaye pode expressar sinceramente o que o preocupa por meio da música. O tema central da obra é o questionamento sobre o que teria acontecido com o “sonho americano” do passado. Concebido a partir do ponto de vista de um veterano da guerra do Vietnã, o disco versa sobre pobreza, crianças abandonadas, desemprego, a brutalidade da polícia e o uso de drogas.

"Songs In The Key Of Life", Stevie Wonder, 1972 Dono de um apetite voraz por diversos gêneros musicais, Stevie Wonder, cego de nascimento, ajudou a expandir as barreiras da música negra ao misturar funk, rock, jazz, reggae e elementos africanos em suas composições. O uso de sintetizadores, nos anos 70, mudou a cara do R&B tradicional. Esse imenso leque de interesses ajudou a torná-lo famoso internacionalmente, assim como Ray Charles. Astro da Motown, ele emplacou vários hits ainda na adolescência, mas foi com o LP duplo “Songs in the key of life” que ele realizou sua obra mais ambiciosa. Amor, questões sociais e espirituais aparecem acompanhados por uma vasta gama de arranjos, em uma performance que é considerada a melhor de Wonder.

"Superfly", Curtis Mayfield, 1972 Se Curtis Mayfield já vinha fazendo um trabalho sublime à frente dos Impressions, um dos melhores grupos vocais de soul dos anos 60, sua contribuição para a música negra na década seguinte não foi menos importante. Como artista solo, ele foi um dos primeiros a escrever temas sobre o orgulho afroamericano, além de ter sido um excelente guitarrista – suas composições têm um sotaque latino único. Sua obra-prima é “Superfly”, trilha sonora do filme de blaxploitation de mesmo nome. Nele, Mayfield descreve, com senso de realidade único, a luta pela sobrevivência nos guetos, a presença de drogas e a morte antes do tempo.

"I'm Still In Love With You", Al Green, 1972 Al Green foi o primeiro grande cantor de soul dos anos 70. Além de ter incorporado elementos da música gospel à sua obra, pontuada por gemidos selvagens e lamentos, ele é um dos poucos artistas daquela época que ainda mantêm o vigor, a exemplo do álbum “Lay it down”, um dos melhores de 2008. Em seu disco de 1972, Green não desperdiça uma só faixa: de “For the good times”, canção de Kris Kristofferson com influência country, à lenta “Oh pretty woman”, de Roy Orbison – passando, é claro, por todas as suas composições próprias – “I’m still in love with you” descortina o reverendo no auge da inspiração.

"Still Bill", Bill Withers, 1972 O cantor e compositor Bill Withers pode não ter se tornado um nome tão conhecido quanto outros artistas relacionados à soul music, mas seu terceiro álbum de estúdio é considerado o resultado perfeito da combinação de elementos contemporâneos da década de 70. “Still Bill” junta o soul macio vindo da Filadélfia com o sabor blueseiro do sul – tudo enfumaçado pelo funk de Bobby Womack. Por trás de uma atmosfera morna e de fácil acesso, revelam-se camadas profundas de arranjos e letras densas. Um dos destaques do repertório é “Lean on me”. A canção divide espaço com a ciumenta “Who is he (and what is he to you)?” e ainda “Use me”, em que o autor admite alegremente ser usado pelo objeto de sua afeição.

"Back To Black", Amy Winehouse, 2006 Se existe uma responsável por trazer a soul music para os tempos atuais, esta é a cantora Amy Winehouse. Unindo composições autorais muito menos inocentes do que as do tempo da Motown com o suingue irresistível da banda Dap Kings, a inglesa despontou como uma das artistas mais instigantes dos últimos anos ao lançar seu segundo álbum, “Back to black”. As letras sinceras e autobiográficas ganharam o acabamento do produtor Mark Ronson, que atualizou o gênero sem deixar que ele perdesse a alma. Pena que Winehouse tenha ganhado mais destaque na mídia pelos quiproquós que protagoniza – quem sabe ela retorne à forma em seu próximo disco.


Por Lígia Nogueira
(Este texto foi publicado originalmente no Portal G1)