26 de setembro de 2010

Bach em instrumentos antigos

Dentre as muitas virtudes que fizeram J.S. Bach uma referência para a história da música universal, está a sua imensa capacidade de transitar pelo tempo, interligando constantemente o antigo e o moderno, o passado e o presente, numa síntese que muitas vezes aponta para o futuro. Assim, com a mesma habilidade que explora os mais modernos recursos dos órgãos de seu tempo, ele vai buscar no alaúde e na viola da gamba, instrumentos então considerados "fora de moda", inspiração para pesquisar novas idéias, descobrir novos caminhos.

Outro aspecto interessantíssimo que encontramos em Bach é a sua habilidade de "arranjador". Nas transcrições de obras de outros autores, como Vivaldi, Marcelo, Telemann e Rameau, ou ainda nas várias versões dadas às suas próprias composições (um movimento de concerto que se transforma numa abertura de cantata, ou ainda, sonatas que aparecem em várias combinações instrumentais diferentes) ele revela uma profunda concepção da linguagem instrumental, sem nunca derivar para o caminho do virtuosismo ou da busca de efeitos imediatos. Para ele, a música está sempre em primeiro plano e a voz ou os mais instrumentos são os meios através dos quais ele consubstancia suas idéias.

Essa universalidade, sempre presente na obra de Bach, é o principal fator que faz dele a figura mais pesquisada, mais estudada e mais discutida do mundo musical, desde meados do século XIX. A releitura apresentada por Georgely Sárkökyt da obra de Bach para alaúde, viola de gamba e cravo, bem como do famoso coral da cantata 147, interpretada através do cravo-alaúde, da viola bastarda e do próprio alaúde, é bem o exemplo das infindáveis possibilidades de recriação que a obra de J.S. Bach propicia ao intérprete.
Por Marilia Pini
(Coordenadora dos cursos de música do Uni FIAM FAAM)

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