30 de outubro de 2010

The Isley Brothers

"Shout!" data de 1959 e é um clássico pré-soul, onde a influência mais evidente é o rock n' roll, que podemos dizer que estava dando seus primeiros passinhos. Os Isley Brothers, então um trio, e um dos grupos mais influentes da música negra norte-americana dos anos 50 aos anos 80, são responsáveis diretos pela concepção da música soul. Shout , que geralmente associamos ao filme Wedding Crashers, é a faixa mais hardcore presente no LP, mas a bolacha é repleta de bons momentos, como a engraçada (e ingênua) Respectable , e uma versão curiosa para When The Saints Go Marching In .

1. Shout, Part 1

2. Shout, Part 2

3. Tell Me Who

4. How Deep Is The Ocean

5. Respectable (2)

6. Say You Love Me

7. Open Up Your Heart

8. He's Got The Whole World In His Hands

9. Without A Song

10. Yes Indeed

11. Ring-A-Ling-A-Ling

12. That Lucky Old Sun

13. Respectable

14. When The Saints Go Marching In

15. Gypsy Love Song

16. St. Louis Blues

17. Rock Around The Clock

18. Turn To Me

19. Not One Minute More

20. I'm Gonna Knock On Your Door



Para realizar o download, clique no link a seguir:
[Shout! - Vinil]

O Teatro Mágico

Estava eu em pleno domingão lusco-fusco, usufruindo uma desintoxicante sauninha, lá no oeste do Belmonte, sob os auspícios da mulher amada, que a alguns metros acima da minha cabeça, preparava um estonteante bacalhau a espanhola, quando surgiu à porta do pequeno e agradável inferno meu amigo Júlio Júnior, mais conhecido como Julinho, que não é da Adelaide, e como papo de melômano é música, começamos a tertúlia, enquanto assavamos, falando sobre bandas e artistas novos. Papo vai papo vem, ele comentou sobre uma banda, ou melhor, uma trupe, "O Teatro Mágico", uma galera que une a música ao circo, a poesia e ao teatro, imediatamente minha memória foi até o "Grande Circo Místico" e ao velho e inesquecível "Asdrubal Trouxe o Trombone", lembrei-me também do "Tangos & Tragédias e da "Intrépida Trupe, mas confessei ao julinho desconhecer o trabalho dessa turma, prometi porém, como bom melômano, fazer um minucioso levantamento auditivo do materal disponível do "O Teatro Mágico".

Pois é... alguns dias se passaram e olha a galera aqui no Paz & música, o que significa terem passado pelo rigoroso critério de seleção do blog, que não deixa se enganar por invencionices e pataquadas rotuladas de modernidade, vanguarda, experimentalismo conceitual e outros bichos. Música é música e ponto. O que me chamou muita atenção, além da excepcional estética visual, foram as letras das canções, vale muito a pena conferir. Abaixo o Jabá.


Por Mario Medella


"Segundo Ato" é o mais recente álbum de Fernando Anitelli e sua trupe. As composições escolhidas colocam em debate o homem e a sociedade na qual vive. No primeiro CD (Entrada para Raros), a trupe estava imersa num universo paralelo, num lugar onde tudo era possível, "falávamos de lutar pelos nossos ideais, pelos sonhos. No "Segundo Ato", a gente dialoga sobre como realizar isso. É como se a trupe chegasse na cidade e se deparasse com as questões sociais e urbanas, como o cotidiano dos mendigos citados na música "Cidadão de Papelão" ou a problemática da mecanização do trabalho, questionada na canção "O Mérito e o Monstro". Indo mais além, na música "Xanéu nº53", há um debate sutil e, por vias opostas, mordaz, sobre o amontoado de informações que absorvemos, sem perceber, assistindo aos programas de TV da atualidade", explica Anitelli.

A trupe criada por Fernando Anitelli, já projeta a criação da terceira etapa, buscando aprofundar ainda mais os debates que cercam a sociedade desigual e desumana que nos rodeia. Procurando explorar a questão do livre compartilhamento das músicas na Internet defendendo a bandeira da musica livre, o Teatro Mágico passa, cada vez mais, a se apresentar com um perfil mais questionador e contestador. Essas transformações não poderiam, no entanto, encobrir o universo lúdico e fantasioso da trupe, mas sim, acrescentar uma pitada de realismo no conteúdo em geral, incorporando o lema de endurecer sem jamais perder a ternura.

É importante ressaltar que, após o assédio para que o coletivo finalmente se integrasse ao mainstream musical, assumindo uma grande gravadora, uma grande assessoria de imprensa, uma grande produtora etc, o Teatro Mágico preferiu ser conservador na inovação que trouxe ao mercado: organizar e fazer as coisas ao lado do seu grande incentivador, patrocinador e produtor: o público. Assim, o CD é vendido a preços populares e a distribuição das músicas é gratuita e livre pela Internet, com a diferença que desta vez, houve um investimento grande na produção dos fonogramas, comprovando assim, que mesmo no formato independente, é possível se fazer algo de qualidade e acessível.

Veja o vídeo


Para realizar o download, clique no link a seguir:
[O Teatro Mágico]

Tulipa Ruiz - Efêmera

A cantora paulistana Tulipa Ruiz é filha de Luiz Chagas (da Isca de Polícia, que acompanhava Itamar Assumpção em discos e shows) e irmã de Gustavo Ruiz (das desativadas DonaZica e Trash Pour 4). E foi o próprio Gustavo que produziu "Efêmera", o disco de estréia, que chegou às lojas no começo deste ano de 2010. Com participações de, entre outros, Thalma de Freitas, Céu e Zé Pi, da banda Druques - que divide com a anfitriã os vocais em "Só Sei Dançar com Você" -, o trabalho escoa a boa produção autoral da cantora.

Como costumo dizer, há Pops e pops, e tulipinha se enquadra, sem sombra de dúvida no primeiro caso. Sua voz chega por vezes a lembrar a mineirinha Titane, apesar dos estilos um tanto diferentes. Ambos os trabalhos são lucidamente inusitados.

Pressinto um largo futuro para a compositora Tulipa Ruiz, consequentemente a cantora irá na cola.

Vida longa à carreira de tulipinha!


Por Mario Medella



Para realizar o download, clique no link a seguir:
[Tulipa Ruiz - Efêmera]

29 de outubro de 2010

Música de Bolso

Se você quer ter um panorama bem abrangente do que está se produzindo neste exato momento na cena indie do velho Brasa, de uma forma muito bem sacada, dentro de um profissionalismo que mescla simplicidade, inteligência e bom gosto, é só chegar até Música de Bolso. O projeto "Música de Bolso", foi idealizado e desenvolvido pela Ioiô Filmes Etc.

Atenção cantores e compositores, este é um excelente canal para divulgação de trabalhos sérios e consistentes

Olha aí a definição da própria galera do MB.

"Música de Bolso une a música e o cinema de forma espontânea. São canções sendo geradas em qualquer lugar onde caiba uma câmera. São artistas dialogando com o mundo ao seu redor e preenchendo com sons pequenos espaços onde, normalmente, não haveria música".

Por Mario Medella

Música para pensar

"Música Para Pensar" de Gilson Chagas é um Romance ambientado, entre os anos 60/80, a partir do Nordeste brasileiro. Conta a história de Joca, jovem nordestino que se mudou para a cidade-sede de seu município, a pretexto de cursar o ginásio.

Intimamente, sonha iniciar ali uma carreira de cantor popular - profissão que planeja desenvolver, posteriormente, num grande centro, como Rio de Janeiro ou São Paulo. Tem um pequeno repertório de músicas próprias, compostas intuitivamente, em que deposita quixotescas expectativas. Trava forte amizade e parceria com Remedinha, jovem de bom nível cultural, e “levemente bonita”, que já estudou algum tempo na cidade grande (Recife), de onde teria fugido, perseguida pelas forças de repressão. Este envolvente romance de Gilson Chagas traz os movimentos musicais brasileiros, como: jovem-guarda, tropicalismo, vistos a distância sob a perspectiva do fã sonhador; a situação política do Brasil nos anos 60/70/80 e, com ela, a repressão, o comportamento de uma juventude sob censura e os medos; a imprensa subserviente e revel à ética, a abertura, anistia, a passagem pela década perdida e, finalmente, o vislumbre da Nova República. O livro tem 184pgs e custa R$25,00. Uma boa pedida para literófilos melômanos.

23 de outubro de 2010

The Slackers Tour 2010

Brasil e Argentina, 9 a 21 de Novembro. A maior banda de ska dos EUA se apresenta no Brasa, trazendo todas suas influências, Dylan, Beatles, Perry, Catalites, Mayfield e Marley, muito Ska, Reggae e Soul aqui pelas plagas do Seu Cabral.

Roteiro da turnê Brasil/Argentina

TERÇA, 9 DE NOVEMBRO - PORTO ALEGRE/RS @ LIVE SPORT PUB/BOSS SOUNDS QUARTA, 10 DE NOVEMBRO - PORTO ALEGRE/RS @ LIVE SPORT PUB/BOSS SOUNDS

QUINTA, 11 DE NOVEMBRO - SÃO PAULO/SP @ CLASH CLUB - INGRESSO

SEXTA, 12 DE NOVEMBRO - CAMPINAS/SP @ CASA SÃO JORGE/SKANDALOSA

SÁBADO, 13 DE NOVEMBRO - BELO HORIZONTE/MG @ MUSIC HALL/53 HC FEST

DOMINGO, 14 DE NOVEMBRO - BELÉM/PA @ SE RASGUM FESTIVAL

SEGUNDA, 15 DE NOVEMBRO - BRASÍLIA/DF @ BAR DO CALAF/CRIOLINA QUINTA, 18 DE NOVEMBRO - ROSÁRIO/ARGENTINA @ WILLIE DIXON - INGRESSO

SEXTA, 19 DE NOVEMBRO - BUENOS AIRES/ARGENTINA @ NICETO CLUB - INGRESSO

SÁBADO, 20 DE NOVEMBRO - CURITIBA/PR OU RIO DE JANEIRO/RJ (A CONFIRMAR)

DOMINGO, 21 DE NOVEMBRO - CURITIBA/PR OU RIO DE JANEIRO/RJ (A CONFIRMAR)

21 de outubro de 2010

Mais uma estreia de peso no P&M

O jornalista e escritor Manto Costa, a convite do Paz & Música, vai pilotar a coluna "Batuque na Cozinha", que trará quinzenalmente crônicas inéditas, escritas exclusivamente para o blog. Manto abordará temas relativos à música, ao rádio, a imprensa, contando histórias e estórias que envolvem personagens anônimos e famosos e suas relações sonoras. O assunto pode ir do "rock de raiz" ao "samba progressivo", de uma rádio de jazz no sertão do cariri até o mico pago por certo enciclopedista mpbólogo em um botequim do rio. O texto de Manto é despojado de conceitos e tem um que de atemporal, mesmo que ele esteja falando de algo que aconteceu ontem ou que acontecerá amanhã, ou há vinte anos passados, ou ainda no século XXX. O premiado autor de "Meu Caro Júlio" agora é do time do Paz & Música.

20 de outubro de 2010

Por onde andará Jarbas Falópio?

Por mais absurdo que seja, houve um tempo em que a turma do Boteco da Farani acompanhava em peso as desventuras de uma novela. Se não me falha a memória, isso foi lá pelos idos de 1982. Bem, na realidade era uma radionovela. E sua narrativa era discutida entre copos e mais copos de cerveja em todos os cantos do bar pelos alunos de Comunicação da Facha.

Produção da mitológica rádio Fluminense FM, a Maldita, a inusitada novela, totalmente underground, tinha um anti-galã chamado Jarbas Falópio. E o grande barato começava a partir daí, pois se dizia que o narrador Falópio era mais do que um mero personagem. Segundo a lenda, o cara realmente existia.

O nosso herói se arrastava em frangalhos pelas ruas da cidade, abraçado a uma garrafa de vodka, em busca da felicidade. Creio, essa era a espinha dorsal da trama. Amante da boa música, Falópio tinha como trilha sonora de sua tragicômica vida peças de Arrigo Barnabé, Rumo, Beatles, Nélson Cavaquinho, Ramones, Noel Rosa, e por aí vai.

O astro da Maldita não tinha a maldade de uma Odete Roitman nem a bondade dos dalits globais, mas tinha o charme de um galã às avessas. Digamos, um Tom Waits tupiniquim. Acusado de reacionário, afogado no álcool e outros ingredientes, o moribundo anti-herói sucumbiu no tempo e no espaço junto com a antológica Fluminense. Ninguém sabe propriamente como acabou aquela historia, mas isso é mero detalhe.

O inegável é que as narrações de Falópio marcaram e influenciaram uma geração de jornalistas. Bem, antes que haja protestos dos intelectuais de plantão, pelo menos a turma do Boteco da Farani ficou marcada.

Enfim, todo esse relato é para anunciar que o imponderável aconteceu dia desses. Caminhava eu pelo calçadão de Copacabana quando me sentei para apreciar o mar no banco monumental de Drummond. Quando cheguei já havia um cidadão sentado ali, à direita. Camisa social, óculos fundo de garrafa, cabelo engomadinho com gel e um jurássico walkman nos ouvidos.

Pediu-me um cigarro, acendi um paiero e estendi para ele. E logo puxou um papo interessantíssimo que ia do samba de raiz ao rock progressivo. Lá pelas tantas descobri que a figura era nada mais nada menos que Jarbas Falópio. Não era lenda, o cara realmente existe. E mais, é um dos meus novos consultores musicais. Pudera, a viagem sonora do sujeito é tão louca quanto a novela radiofônica da saudosa Fluminense.

Ali mesmo, naquela hora, ele ouvia a única parceria dos cúmplices Jards Macalé e Moreira da Silva. Contou-me que “Tira os óculos e recolhe o homem” narra um episódio verídico ocorrido com os dois na década de 70, quando Macalé foi enquadrado num quarto de hotel em Vitória (ES), sendo levado para uma delegacia. Melhor do que contar é ouvir o samba de breque de Macalé e Kid Moringueira, crônica publicável nos melhores pasquins da cidade.


Manto Costa


[Tira os óculos e recolhe o homem - Jards Macalé, Moreira da Silva]

Trio Haroldo Mauro Jr. (Jazz)

O melhor do Jazz rola solto, naquele que creio ser o único reduto do Jazz na Lapa e adjacências. O Triboz apresenta na sexta 29/10 às 21:00, a sonoridade precisa do TRIO DE HAROLDO MAURO JR., vale a pena darmos essa bela oportunidade de descanso aos nossos tímpanos tão castigados pela "urbanóia" da cidade. Um prato cheio para quem gosta e conhece Jazz, para quem não gosta, uma grande chance de mudar de ideia.

Por Mario Medella

O trio é formado por: Edson Lobo - contrabaixo Zazá Desidério - bateria Haroldo Mauro Jr. - piano

Haroldo Mauro é exímio improvisador no estilo be-bop, o qual aplica ao ritmo binário do samba e da bossa-nova com igual habilidade e sabedoria que o faz no jazz americano. Fluente de idéias porém sensato na forma de empregá-las, sua improvisação evita o desperdício e prende a atenção do ouvinte. Suas influências principais são Barry Harris, Raul de Souza, Sonny Rollins e João Donato. Os músicos que participam, Edson Lobo e Zazá Desidério, um veterano e o outro jovem revelação, fundem-se pela mágica do jazz em um som homogêneo, junto com o piano de Haroldo Mauro, dissipando as diferenças de geração. Haroldo Mauro Jr. iniciou a carreira musical junto ao saxofonista Victor Assis Brasil e ao baterista Edison Machado e atualmente é professor de música da UNIRIO.

O Triboz fica na rua Conde de Lages 19, tel: 2210-0366

CAL ganha nova dinâmica

O Cantos da Alma Latina estreia quadros e dinamiza o ritmo do programa. Os novos quadros são:

1) Garimpo (um mergulho no mundo dos blogs), onde o músico, produtor, pesquisador, poeta e DJ, Mario André, traz a tona verdadeiras "pepitas sonoras" extraídas dos bons blogs de música.

2) Inspiração (músicas que servem de mote, para palavras que servem de poesia), nesse quadro, Mario escreve poemas especialmente para o momento, sempre inspirados em alguma canção latina ou brasileira.

3) América Viva (a essência da música latina e brasileira em voz e violão), nessa seção, o menestrel cego dá o tom, solta a voz, e a música rola ao vivo no estúdio da Roquette Pinto.

O CAL vai ao ar todo domingo às 19:00, pela Roquette Pinto FM (94.1).

http://www.94fm.rj.gov.br/



Faça o download do programa no link a seguir:
[Cantos da Alma Latina nº136 - 10/10/2010]

19 de outubro de 2010

O groove latino independente

A banda Dancing Mood se formou em Buenos Aires, Argentina, em março de 2000 por iniciativa do trompetista Hugo Lobo. É uma orquestra de 12 músicos liderada por 7 instrumentos de sopro, com colaboraçóes pontuais e esporádicas de outros tantos músicos, que com temas clássicos do reggae junto com outros estilos, se adaptam em forma instrumental ao ska jamaicano. A banda conta com um trompete, dois sax, dois trombones, gaita, flauta transversa, dando um toque de originalidade que se complementa com duas guitarras, teclado, bateria e contrabaixo; interpretando um som sinfônico; que conta com um naipe de cordas e vários cantores convidados. Fidel Nadal (Todos Tus Muertos, Lumumba, Mano Negra), Mimi Acevedo (Mimi Maura), Guillermo Bonetto (Los Cafres), Mariano Castro (Mensajeros), Pety (Riddim), Karen Fleitas (Actitud Maria Marta).

O nome da banda provém de um tema do cantor Delroy Willson e significa algo assim como "de humor para bailar". A banda conta com três discos intependentes e autogestionados.
Estes são:

20 MINUTOS(2001)
VOL.2(2002)
DANCING GROOVE(2004)

Os discos foram gravados em Pinto Records, sendo o engenheiro de gravação, Daniel Alos. Os discos foram dirigidos e arranjados por Hugo Lobo.

DANCING GROOVE
1- A Night in Tunusia
2- Police Woman
3- The Look of Love
4- Scrapple from the Apple
5- Confucious
6- Come On Girl
7- They Laughed
8- Just Friends
9- Sweet and Lovely
10- Just Don´t Want to Be Lonely
11- One More Once
12- Latin Goes Ska
13- Love Don´t Love Nobody
14- Guns of Navarone
15- A Groovy Kind of Love


MÚSICOS:

Hugo Lobo (trompete e fliscorne), Ruben Mederson (saxofone e soprano), Sergio Colombo (saxofone tenor), Martino Gesualdi (trombone), Fabián Silva (trombone), Ezequiel "Peri" Rodríguez (gaita), Diego Gonzalez (baixo), Marcelo Carreras(guitarra), Ariel Villanueva(guitarra), Walter "Araña" Arricau(bateria), Mariano Gallagos(teclados).

Para realizar o download, clique no link a seguir:
[Dancing Mood - Dancing Groove (2004)]

Atenção, inscrições abertas

* Workshop: Radioteatro, com a radioatriz Wania Rocha Dia 30/10, de 8 às 17h Objetivo: trabalhar atividades que desenvolvam capacidades como a imaginação, a criatividade, a sensibilização, a estimulação do sentido da audição e outros. Tudo isso dentro de um contexto que prioriza o universo lúdico-sonoro do rádio, fazendo uso também de leitura e interpretação de textos característicos para o radioteatro. O encontro será uma oportunidade de vivenciar atividades que proporcionam um contato menos passivo e técnico, mais sensível e lúdico com o veículo.

* Oficina: Esporte no Rádio, com os jornalistas Marcus Aurélio, Leandro Lacerda, Maurício Bastos e Emerson Rocha. Período: de 06/11 a 11/12, aos sábados, de 8 às 12h Abordagem: técnicas de transmissões esportivas no rádio brasileiro: locução, texto, pordução, reportagens, coberturas e simulações de transmissões.

Inf. (21) 25329942 (atend. de de 8 às 13h, em dias úteis) * unirr@unirr.org.br. Local: Cinelândia/ RJ

15 de outubro de 2010

Onomatopéia não é palavrão

O Teatro II do Centro Cultural Banco do Brasil abriga, de 27 de julho a 30 de novembro - uma terça por mês - uma série de shows em que a onomatopeia reina absoluta. Onomatopeia é a imitação dos sons por meio de palavras (Bum! Clap clap! Toc, toc... Tóooin...), e a ideia é mostrar músicas que fazem uso desse recurso. O projeto é estrelado pelos jovens da renomada Escola Portátil de Música e conta com várias participações especiais. São elas: as cantoras Camila Luiza, Clara de Andrade, Letícia Soares, Muiza Adnet, Cintia Graton, Gabriela Buarque, Ilessi e Milena Tibúrcio e os experientes Amélia Rabello, Maurício Carrilho, Pedro Miranda, Pedro Amorim e Marcos Sacramento.

A curadoria e textos são de Daniel Caverna e Jussiê Caverna, apresentados pelo mestre Hermínio Bello de Carvalho. São cinco shows temáticos, uma terça por mês: Onomatopéia não é Palavrão, Onomatopéia Instrumental, A Natureza e a Onomatopéia, O Homem e a Onomatopéia e A Confusão dos Sons.

Os músicos já tocaram nas mais variadas rodas da cidade: Anderson Balbueno (pandeiro), Leonardo Pereira (cavaquinho), Rafael Mallmith (violão 7 cordas), Thiago da Serrinha, Vitor Macedo (clarinete), Luis Barcelos (bandolim) e Maria Souto (flauta) - todos também da Escola Portátil de Música -. Os dois últimos, e também Maurício Carrilho, assinam os arranjos especialmente elaborados para a série.

PROGRAMAÇÃO

27 de julho - Onomatopéia não é Palavrão Com: Camila Luiza, Clara de Andrade , Letícia Soares e Muiza Adnet Participação Especial: Amélia Rabello

24 de agosto - Onomatopéia Instrumental Com: Anderson Balbueno (pandeiro), Leonardo Pereira ( cavaquinho), Luis Barcelos (bandolim), Maria Souto (flauta), Rafael Mallmith (violão 7 cordas), Thiago da Serrinha e Vitor Macedo (clarinete). Participação especial: Maurício Carrilho

28 de setembro - A Natureza e a Onomatopéia Com: Cintia Graton, Gabriela Buarque , Ilessi e Milena Tibúrcio Participação especial: Pedro Amorim

26 de outubro - O Homem e a Onomatopéia Com: Camila Luiza, Clara de Andrade , Letícia Soares e Muiza Adnet Participação especial: Pedro Miranda

De DJ pra DJ

O carioca DJ Medella rende com essa Mixtape carioquíssima merecida homenagem ao olindense, pernambucano, brasileiro e cidadão do mundo: DJ 440 (Juniani Marzani). "O trabalho do 440 vai muito além dos beats, scratchs, mixagens e picapes, ele ao mesmo tempo que resgata pepitas sonoras absolutamente esquecidas, traz à tona novos talentos que circulam pelo underground tupiniquim. 440 é um pesquisador, um agitador cultural, um lutador e guardião, que trabalha para a boa saúde da (como ele mesmo diz): "imperecível música brasileira", esse é o cara, que receba minha singelíssima e justa homenagem".

1) Solteiro no Rio de Janeiro - Cidade Negra

2) Lado A Lado B - O Rappa

3) W Brasil - Jorge Ben Jor

4) Rio "440" graus - Fernanda Abreu

5) Waters of March - Sérgio Mendes

6) Mais Que Nada - Al Jarreau

7) Festa do Santo Reis - Tim Maia

8) Brasil 2000 - Zuco 103

9) Ela é Bamba - Ana Carolina

10) Chapéu Mangueira - Bangalafumenga

11) A Namoradeira - Cláudio Zoli

12) Colombina - Ed Motta

13) Chiclete com banana - Carla Saba

14) Sexta-Feira Carioca - Black Rio


Para realizar o download, clique no link a seguir:
[MixTape nº7]

Choro no Chico's

Após um longo tempo, volta a acontecer a roda de choro do bar do Chico´s, na Tijuca (é assim mesmo o nome do bar). A re-estreia foi domingo (3/10). No repertório, choros, polcas, valsas, mazurcas, baiões, frevos, sambas e serestas escolhidos pelos integrantes do grupo "Abrindo o Berreiro". Ali, o conjunto já recebeu as visitas de Ataupho Alves Jr., Mané do Cavaco, Seu David do Pandeiro (da Velha Guarda da Portela), Siqueira do Cavaco (da Velha Guarda da Mangueira), Aluízio Machado (da Velha Guarda do Império Serrano), Vó Maria, Mario Pereira, Cláudio Camunguelo, Homero Ferreira, Neco, Dalmo Castelo, Elcio Brenha e o Maestro Severino Araújo.

O grupo Abrindo o Berreiro é formado por Abel Luiz (cavaquinho), Patrick Ângelo (violão 7 cordas), Luciano Badá (bandolim) e Pedro Moita (pandeiro).

O Bar do Chico´s fica na Rua General Canabarro, 119 (Maracanã), esquina com a Rua Luiz Gama, próxima ao Colégio Militar. Tel: 2568 5421 A roda rola aos domingos, das 19 às 22hs, com entrada franca.

14 de outubro de 2010

Aniversário do poeta

E marcando o aniversário do poetinha/compositor, vale lembrar o "Soneto de Aniversário", escrito por ele mesmo em 1942:


Passem-se dias, horas, meses, anos
Amadureçam as ilusões da vida
Prossiga ela sempre dividida
Entre compensações e desenganos.

Faça-se a carne mais envelhecida
Diminuam os bens, cresçam os danos
Vença o ideal de andar caminhos planos
Melhor que levar tudo de vencida.

Queira-se antes ventura que aventura
À medida que a têmpora embranquece
E fica tenra a fibra que era dura.

E eu te direi: amiga minha, esquece...
Que grande é este amor meu de criatura
Que vê envelhecer e não envelhece.




Vinícius aos 14 anos de idade

Parabéns Vininha!

O que é latin jazz?

Essa Mixtape vem responder a uma pergunta que já me foi feita inúmeras vezes: enfim, o que é Latin Jazz? Traduzir somente e dizer que é "Jazz Latino", está longe de satisfazer os sequiosos por cultura musical. Para tentar resumir a ópera, podemos dizer que o "Latin Jazz", musicalmente falando, é tudo aquilo que é produzido na América Latina que tenha de alguma forma recebido características de Jazz. Alguém dirá: "puxa, então é quase tudo!" E eu diria é mais ou menos isso. O leque de gêneros e estilos é abrangente, o Latin Jazz pode ser uma Bossa-Nova, um Mambo, um Samba, uma Rumba, um Baião, uma Cumbia, um chorinho e por aí vai, bastando para isso que contenha um ou mais elementos do Jazz: improviso, harmonia, metais, divisão, e geralmente no bojo de algum ritmo de origem afro.

1) Con Poco Coco - Bebo Valdez & Javier Colina

2) Light As a Feather - Airto Moreira & Flora Purim

3) Oye Como Va - Tito Puente

4) Be Pop - Cama de Gato

5) Sendig - Groove Collective

6) Wave - Tom Jobim

7) Mama Guela - Tito Rodriguez

8) Esse Mundo é meu/Resolução - Elis Regina & Zimbo Trio

9) One Note Samba - Quincy Jones

10) Turma da Gafieira - Marvio Ciribelli

11) Sweet Tater Oie - Mongo Santamaria

12) Influência do Jazz - Célia Reis

13) Empingue - Gepel

14) Um Chorinho em Aldeia - Rafael Rabelo & Paulo Moura

15) Homenagem a Mongo - Som Três



Para realizar o download, clique no link a seguir:
[MixTape nº6]

Show pro poeta

Aniversário de Vinícius de Moraes com shows de Marvio Ciribelli e Thaís Motta. É o próprio Marvio quem convida:

"Em 19 de Outubro se comemora o aniversário de Vinícius de Moraes. Então... estarei com Thaís Motta, prestando homenagem ao poetinha, no Vinícius Bar, em Ipanema, no próprio dia 19 de Outubro numa edição muito especial do show "influência da Bossa". Isso, alem de levarmos este show para Penedo (RJ) nos dias 15 e 16 (próximo final de semana).

Alem de tocarmos aquelas composições que todos gostariam de sempre ouvir, estou escrevendo novos arranjos para algumas músicas de Vinícius que nem todo mundo conhece (ou lembra). O samba "Já era Tempo", parceria do poetinha com Ary Barroso; "Medo de Amar", composição solo de Vinícius; e "Rosa de Hiroshima", gravada pelos Secos e Molhados (grupo que lançou o Ney Matogrosso), parceria dele com João Ricardo, também dos S&M. Vale ouvir Thaís interpretar estas músicas!"

E vamos aos detalhes dos shows com repertório de Vinícius de Moraes:

** Local: Jazz Village Bistrô (Hotel Pequena Suécia) Datas: 15 e 16/OUT, SEX/SAB Hora: 21h End: Rua Toivo Suni, 33, Penedo Ingresso: R$ 35,00 Reservas: (24) 3351-1275

** Local: Vinícius Bar Data: 19/OUT, TERÇA Hora: 22h30min Participação Especial de: Amaro Júnior (bateria) e Francisco Falcon (baixo) End: R. Vinícius de Moraes, 39, Ipanema Ingresso: R$ 30,00 Reservas: (21) 2523 4757 e 2287 1497

11 de outubro de 2010

Divas sempre vivas (novas e antigas)

Esse Mixtape traz algumas das vozes femininas mais significativas do planeta. Seguramente vocês sentiram falta de várias "damas do canto", como Ella, Sarah, Billie, Elizeth, Maísa, Mercedes, Omara e outras. Preferimos nesse MT mesclar divas relativamente novas com aquelas já consagradíssimas, porém, prometemos para breve mais dois MTs com todas as ausentes, no mesmo pique, unidas a outras novas.

01) Sur - Susana Rinaldi

02) Chovendo na Roseira - Elis Regina

03) Youre Getting To Be a Habit With Me - Roberta Gambarini & Hank Jones

04) Tua - Maria Bethânia

05) East of The Sun - Stacey Kent

06) Rosa - Marisa Monte

07) Cuando Ya No Me Quieras - Maria Dolores Pradeira

08) A Cara do Espelho - Nana Caymmi

09) Speak Low - Ligia Piro

10) What a Difference a Day Makes - Aretha Franklin

11) Dia de Esperança - Clara Nunes

12) Ain't Nobody's Bisiness - Abbey Lincoln

13) As Time Goes By - Gal costa

14) Voy - Olga Guillot

15) Folhetim - Nara Leão



Para realizar o download, clique no link a seguir:
[MixTape nº5]

O top 10 no FM carioca

A ABAR(Associação Brasileira dos Amantes de Rádio), para comemorar seus dez anos de existência, fez uma espécie de ranking, traçando um mapa dos melhores programas, relacionados a música e a cultura, no FM carioca. A lista foi montada a partir da consulta com mais de 15.000 ouvintes assíduos de rádio, no decorrer dos anos de 2009 e 2010. A numeração da lista não implica em colocação, já que a pesquisa se interessou mais pelo gosto do ouvinte do que propriamente por uma disputa de audiência. O trabalho foi construído a partir dos segmentos: "Adulto Contemporâneo" e "Alternativo".


1) Zoombido - Moska - segunda/21:00 - MPB FM

2) Hora do Blush - Isabela Saes - seg. a sex./17:00 - Sul América Paradiso FM

3) Bossa Moderna - Tarik de Souza - dom./22:00 - MEC FM

4) Geléia Moderna - DJs Brant & Jorge Lz - sab./17:00 - Roquette Pinto FM

5) Ronca Ronca - Maurício Valadares & Nanderson Carpan - ter./22:00 - Oi FM

6) Choro MPB - Henrique Cazes - dom./8:00 - MPB FM

7) Cantos da Alma Latina - Mario André - dom./19:00 - Roquette Pinto FM

8) Caminhos Alternativos - Petria Chaves & Fabíola Cidral - sab./9:00 - CBN

9) MEC Instrumental - J. Carlos - sáb.23:00 - MEC FM

10) Conexões Urbanas - patricia Ferrer & Júlia Tolipan - seg. a sex./17:00 - Roquette Pinto FM

A Long Walk On The Motherland's Waves

A Mixtape "A Long Walk On The Motherland's Waves (uma longa caminhada nas ondas da Terra-Mãe)" foi concebida pelo brasileiríssimo DJ Soares e tem pouco mais de uma hora de duração. No set, figuras míticas da nossa música, como Tim Maia, Ed Lincoln, Banda Black Rio, Eumir Deodato, Elza Soares, Gal costa e Milton Nascimento, além de grandissíssimo elenco. Samba, jazz, samba jazz, funk, samba funk, soul, samba soul e (quase) tudo de melhor que nossa música tem a oferecer. Algumas dessas "pérolas" vem diretamente dos velhos compactos de 7 polegadas, editados no "sweet dream" dos anos 70 ou na "psicocardia emoliente" dos anos 60. Confesso que só não entendi as gravações de secretária eletrônica que entremeiam a Mix...

Por Mario Medella

Para realizar o download, clique no link a seguir:
[MixTape nº4]

9 de outubro de 2010

Uma cantora com C maiúsculo

Se a grande maioria das "mocinhas cantadoiras", que se lançam no cruel mercado fonográfico tupiniquim, e porque não dizer planetário, ouvisse Emma Shaplin, certamente chegariam à conclusão que precisam aprimorar e muito suas vozes, ou de forma mais radical, simplesmente desistiriam do intento de se tornarem "divas" da MPB e da música terráquea. A francesinha de 36 anos, que geralmente canta em italiano, solta a voz e prende a atenção e a sensibilidade de quem aprecia boa música. Apesar do rótulo de "soprano lírico ligeiro", Emma sabe muito bem popularizar seu canto, unindo tradição e modernidade, como na magnífica interpretação que seremos testemunhas auditivas e oculares neste solene momento.

Obs.: Popularizar algo, não significa diminuir qualidade, nem mudar o tipo de linguagem ou forma, muito menos alterar, deturpar ou desconstruir obras primas. Popularizar é fazer com que o maior número de seres humanos, portanto pensantes, tenham acesso ao bom, ao belo e ao verdadeiro, e ponto.

http://www.youtube.com/watch?v=_d6sQdilJ9c

Por Mario Medella

O estranho Miles

Tenho o prazer inenarrável de usufruir da amizade do jornalista e escritor Manto Costa, que pra quem não sabe é também compositor. Depois do sucesso de "Meu Caro Júlio",sobre Julinho da Adelaide", pseudônimo usado pelo Buarque que também é Chico, para driblar os "cérebros de minhoca" da ditadura militar, Manto emplacou um de seus fantásticos contos, na antologia organizada pela jornalista Fernanda Felisberto, "Terra de Palavras", lançada pela Palas Editora e que reúne autores de origem africana. O conto "O Estranho Miles", seguramente é um dos pontos altos da obra, e como ele gira em torno de um ícone do Jazz, decidimos publicá-lo aqui, para que vocês se deleitem com boa leitura. Outro dia bebendo um "suco de cevada", Manto me confidenciou que a primeira "audição" do conto, deu-se em uma pequena reunião na casa do também jornalista J. Carlos(ex JB, atual MEC), lido por ele e ao som de Miles na vitrola, que climão hein! Se você quiser reproduzir o que aconteceu na casa do J., abaixo do conto tem um "sonzinho" do "estranho Miles" para ouvir.




Por Mario Medella


O estranho Miles

Miles estava escondido atrás do balcão do velho armazém, escorado por três gigantescos sacos de farinha de trigo. Se bem me lembro, entrei no lugar para comprar batatas, mas logo descobri que o pardieiro também funcionava como boteco. Eu bebia uma cerveja preta, entre réstias de cebola e salames pendurados, quando percebi a presença dele. Tive vontade de abraçá-lo, brindei ao nosso encontro.

Sua figura chamava a atenção pelo pavilhão do trompete, o qual era possível ver sobre seu ombro esquerdo. O saco de farinha que encimava a pilha estava furado, fazendo uma cavidade. Por ali via-se parte da cabeleira negra do homem emoldurando os imensos óculos escuros. Havia respingos de uma tinta avermelhada; ou, sabe-se lá, jogaram ali um copo de vinho. Amarelado pelo tempo, o retrato em preto-e-branco era sujo e arranhado.

Não pude resistir. Aproveitando-me de um descuido do galego, dono da quitanda, pulei o balcão e arrastei os sacos de farinha. Uma nuvem de farinha branca se formou rapidamente. O pó branco cobriu a cara do jazzman, dando-lhe um aspecto ainda mais enigmático.

Saí apressado da venda com Miles Davis debaixo do braço. Por alguns instantes achei que o galego corria atrás de mim. Imaginei o infeliz com um porrete nas mãos, atrapalhado com as banhas da barriga saltando sob a camiseta. Dobrei a esquina e atravessei a avenida correndo entre carros. Havia um ônibus saindo do ponto. Pulei sobre seus degraus, mas Miles ficou preso nas extremidades da porta. O motorista apressado apertou um botão e as portas se fecharam. Ficou eu do lado de dentro e Miles do lado de fora, pendurado numa das minhas mãos.

Cheguei em casa um tanto atônito, mas feliz. Eu estava certo de que havia feito a coisa certa. A mulher quis saber o que era aquilo. Disse-lhe sorrindo:

- É Miles !

- Aahh?!?

É preciso deixar claro que a dona não teve a mínima curiosidade ou vontade de dialogar. Foi logo colocando o dedo em riste na minha cara. Mostrava-me panelas vazias. Berrava línguas estranhas e balbuciava coisas como "comida! comida!". Miles Dewey Davis, impassível, olhava a cena com indiferença. De repente, panelas começaram a voar em minha direção. Comecei a ver tudo em câmara lenta. Eram copos, garrafas, o que tivesse pela frente da mulher.

- Ah, sim, as batatas - lembrei.

Mas, naquele momento, não havia mais nada a falar, não falávamos a mesma língua. Ela estava em transe e o mundo acabara de ruir. Miles, que observava tudo com um olhar fixo, não parecia preocupado com batatas.

Lá fomos nós, feito dois anjos imaculados perdidos na noite. Havia um fio de sorriso na minha face. Apesar do despejo, eu ganhara algo em troca. Não sabia bem o quê. Sentia-me bem sem ter para onde ir. Meu amigo emoldurado parecia esboçar um sorriso cínico.

Naquela mesma noite encontrei Tina. Bebia Coca-Cola e comia cachorro-quente com duas amigas numa esquina qualquer da Lapa, a velha zona boêmia do Rio. Ganhei uma salsicha e falei para ela sobre Miles. Não foi preciso nem pedir, ela foi logo dizendo que tinha um lugar perfeito para nós ficarmos.

O ateliê de "Tio Jacques" ficava perto dali, na Rua Mem de Sá. Tio Jacques estava em São Paulo cuidando de uma exposição e, quando se ausentava, costumava deixar a chave do sobrado com Tina. Foi uma festa. Havia uma coleção de velhos LPs sobre uma grande mesa retangular, no canto da sala. Os discos, misturados a tubos de tinta, pincéis e garrafas de whisky e vodka, formavam uma coleção bem eclética. Tina encheu nossos copos e colocou Os oito batutas para tocar.

Tirei um quadro confuso do cavalete e coloquei Miles em seu lugar. Continuou confuso, mas me pareceu bem melhor. Alguém bateu à porta. Era Desirrèe, uma das amigas que acompanhavam Tina horas antes. Desirrèe queria ser artista plástica e na ausência de Tio Jacques freqüentava o ateliê. Com suas botas que subiam até os joelhos começou a acompanhar Tina num balé de evoluções estranhas. Dizia que aquele era o seu mundo. De certa forma, era o mundo de todos nós. A figura de meu amigo era cada vez mais patética, esfolada pelos maus tratos, pelo tempo.

Tina não tinha dado muita atenção à minha aquisição, mas Desirrèe logo compreendeu que Miles estava mal. Chamaram-lhe a atenção justamente os lábios do trompetista. Ela considerou que estavam desfigurados, resolvendo então retocá-los. E pôs-se a mexer em pincéis e tintas. Experimentava misturas, buscava novos tons para o vermelho. Enquanto dançava com Tina, eu observava Desirrèe fazer novos contornos nos lábios do moço. Deu-se por satisfeita quando transformou a boca do músico num repolho psicodélico.

Tina retorcia o corpo ao som saltitante de Pixinguinha que saía da vitrola. Eu bebia goles de vodka e tentava acompanhar o seu difícil bailado. Desirrèe movimentava os braços e a barriga, parecendo simular a dança do ventre. De vez em quando, ela metia o pincel na cara de Miles e olhava para mim como se buscasse a minha aprovação. Segurava na mão esquerda uma garrafa de vodka e na direita um pincel.

Os cabelos do cara, antes esbranquiçados por causa da farinha, ficaram vermelhos após as pinceladas de Desirrèe. Confesso que gostei muito, Miles rejuvenesceu. A bebida queimava o meu estômago, mas Tina insistia que eu dançasse ao som de Itamar Assumpção, aos berros. Desirrèe veio para cima de mim com os tubos de tinta vermelha nas mãos. Com os dedos, dava pinceladas em meus cabelos. E também fiquei de cabelos vermelhos. Tina tirou os óculos escuros que trazia pendurados entre os seios e os enfiou no meu rosto. Meus lábios, igualmente, não foram poupados.

A música muito alta deve ter incomodado alguém. Eu dançava de olhos fechados e girava em torno de mim mesmo quando, de repente, a música parou. Estávamos cercados por policiais surgidos do nada. A princípio, três ou quatro, depois mais outro e mais outro, era um bando deles. Tina e Desirrée já estavam imobilizadas com os braços retorcidos para trás. Logo fizeram o mesmo comigo. Fomos conduzidos em direção à porta de saída, enquanto dois deles ficaram revistando o local. Olhei para trás procurando por Miles, mas desta vez ele me evitou. Esses momentos realmente são muito difíceis. Mas, confesso, esperava uma solidariedade maior por parte dele. Cara estranho esse Miles.

Na delegacia fomos fichados um a um. Um detetive meteu a mão na bolsa de Desirrée e cantou para o escrivão "Desirrée Antunes". Depois, a vez de Tina, "Sebastião Pedroso", e eu por fim. Claro, o fim da noite foi péssimo e todo o dia seguinte também. Fui liberado no final da tarde, eu era um réu primário. Quanto a minhas amigas, por lá ficaram.

Trazia o gosto da morte na boca. Restavam-me uns trocados amarfanhados no bolso, o suficiente para pagar o ônibus, mas bebi um caldo de cana com o dinheiro. Fiz meu caminho de volta a pé. Andei cerca de quatro horas sem parar, mas sem pressa de chegar. Bati à porta e lá estava a mulher. Como sempre, já me esperava. Escancarou a porta e mandou que eu entrasse. Apontou para a mesa, sugerindo que eu sentasse. Nem os óculos escuros nem os meus cabelos vermelhos chamaram-lhe a atenção.

Com aquela cara de poucos amigos, veio em minha direção com uma faca enorme. "Ela vai me sangrar como se um eu fosse um porco", pensei. Mas, não. Colocou o facão em minhas mãos. No buraco debaixo da pia havia um saco. Ela o pegou e o despejou na minha frente, fazendo com que batatas se espalhassem como bolas numa mesa de bilhar. As lentes vagabundas dos óculos escuros de Tina emprestavam aos legumes uma coloração azul violeta. A mulher me encarou com firmeza e sacudiu a cabeça demonstrando impaciência. Resignado, pus-me a descascar batatas.


Manto Costa

http://www.youtube.com/watch?v=BPkBktxxlGA

7 de outubro de 2010

Triboz, o melhor jazz do Brasil

Todas as quintas de outubro, a partir das 21h, o Quinteto TRIBOZ manda um Jazz arrumado, pra jazzófilo nenhum botar defeito.


Kleberson Caetano - bateria
Marcelo Padre - sax
Mike Ryan - trompete
Rodrigo Ferreira - baixo
Tomás Improta - piano


Nesta quinta, participação especial da cantante Lenna Pablo. Triboz: Rua Conde de Lages 19, Glória, tel 2212 0366.

Feira e festa

O final de ano de 2010 será bastante agitado para o mercado musical. Este mês, na cidade de Canela - RS acontecerá a 6a edição de um dos eventos mais importantes da música brasileira, a Festa Nacional da Música. Considerado o maior encontro da MPB, o evento acontecerá de 18 a 21 de outubro. Veja mais informações no site: www.festanacionaldamusica.uol.com.br

E os eventos não param por aí, a Feira Música Brasil agora é itinerante! Em Dezembro, esta, que é a maior feira de negócios do meio musical, será em Belo Horizonte e acontecerá de 8 a 12 de dezembro. Milton Nascimento será o homenageado desta edição. Veja mais informações no site: www.feiramusicabrasil.com.br