30 de outubro de 2010

O Teatro Mágico

Estava eu em pleno domingão lusco-fusco, usufruindo uma desintoxicante sauninha, lá no oeste do Belmonte, sob os auspícios da mulher amada, que a alguns metros acima da minha cabeça, preparava um estonteante bacalhau a espanhola, quando surgiu à porta do pequeno e agradável inferno meu amigo Júlio Júnior, mais conhecido como Julinho, que não é da Adelaide, e como papo de melômano é música, começamos a tertúlia, enquanto assavamos, falando sobre bandas e artistas novos. Papo vai papo vem, ele comentou sobre uma banda, ou melhor, uma trupe, "O Teatro Mágico", uma galera que une a música ao circo, a poesia e ao teatro, imediatamente minha memória foi até o "Grande Circo Místico" e ao velho e inesquecível "Asdrubal Trouxe o Trombone", lembrei-me também do "Tangos & Tragédias e da "Intrépida Trupe, mas confessei ao julinho desconhecer o trabalho dessa turma, prometi porém, como bom melômano, fazer um minucioso levantamento auditivo do materal disponível do "O Teatro Mágico".

Pois é... alguns dias se passaram e olha a galera aqui no Paz & música, o que significa terem passado pelo rigoroso critério de seleção do blog, que não deixa se enganar por invencionices e pataquadas rotuladas de modernidade, vanguarda, experimentalismo conceitual e outros bichos. Música é música e ponto. O que me chamou muita atenção, além da excepcional estética visual, foram as letras das canções, vale muito a pena conferir. Abaixo o Jabá.


Por Mario Medella


"Segundo Ato" é o mais recente álbum de Fernando Anitelli e sua trupe. As composições escolhidas colocam em debate o homem e a sociedade na qual vive. No primeiro CD (Entrada para Raros), a trupe estava imersa num universo paralelo, num lugar onde tudo era possível, "falávamos de lutar pelos nossos ideais, pelos sonhos. No "Segundo Ato", a gente dialoga sobre como realizar isso. É como se a trupe chegasse na cidade e se deparasse com as questões sociais e urbanas, como o cotidiano dos mendigos citados na música "Cidadão de Papelão" ou a problemática da mecanização do trabalho, questionada na canção "O Mérito e o Monstro". Indo mais além, na música "Xanéu nº53", há um debate sutil e, por vias opostas, mordaz, sobre o amontoado de informações que absorvemos, sem perceber, assistindo aos programas de TV da atualidade", explica Anitelli.

A trupe criada por Fernando Anitelli, já projeta a criação da terceira etapa, buscando aprofundar ainda mais os debates que cercam a sociedade desigual e desumana que nos rodeia. Procurando explorar a questão do livre compartilhamento das músicas na Internet defendendo a bandeira da musica livre, o Teatro Mágico passa, cada vez mais, a se apresentar com um perfil mais questionador e contestador. Essas transformações não poderiam, no entanto, encobrir o universo lúdico e fantasioso da trupe, mas sim, acrescentar uma pitada de realismo no conteúdo em geral, incorporando o lema de endurecer sem jamais perder a ternura.

É importante ressaltar que, após o assédio para que o coletivo finalmente se integrasse ao mainstream musical, assumindo uma grande gravadora, uma grande assessoria de imprensa, uma grande produtora etc, o Teatro Mágico preferiu ser conservador na inovação que trouxe ao mercado: organizar e fazer as coisas ao lado do seu grande incentivador, patrocinador e produtor: o público. Assim, o CD é vendido a preços populares e a distribuição das músicas é gratuita e livre pela Internet, com a diferença que desta vez, houve um investimento grande na produção dos fonogramas, comprovando assim, que mesmo no formato independente, é possível se fazer algo de qualidade e acessível.

Veja o vídeo


Para realizar o download, clique no link a seguir:
[O Teatro Mágico]

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