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[MixTape nº1]
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[Cantos da Alma Latina nº104]
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[Pelas Trilhas no Mundo nº1]
1. Curtis Mayfield – "Curtis"
2. Kurtis Blow – "Kurtis"
O disco “Kurtis” (Mercury), lançado pelo folclórico rapper Kurtis Blow em 1980, foi um marco à época de seu lançamento; além de ser uma raridade – pouquíssimos albums do gênero haviam sido lançados naquele primeiro boom do gênero, entre os anos de 1978 e 82, que priorizou singles e hits certeiros de medalhões como Sugarhill Gang e Grandmaster Flash & The Furious Five -, o LP representou um marco para o rap, já que KB parecia ser o primeiro MC a introduzir mensagens de temática social em seu discurso. Confira as celebradíssimas “Hard Times”, posteriormente regravada pelo duo Run-DMC, e “The Breaks” – que, apesar de ser um hino de festinhas aqui e acolá, retrata bastante o dia-a-dia dos guetos norte-americanos da virada da década em questão, influenciando diversos artistas do tal underground hip-hop da década seguinte – e note que o MC tinha a lingua tão afiada quanto seu estilo performático, que culminou até mesmo em uma das performances mais espetaculares da história do mítico Soul Train, marco da TV norte-americana apresentado pelo carismático Don Cornelius (confira sua versão ao vivo para "The Breaks" no youtube imediatamente!). Mas nem só destes dois clássicos vive a pepita, portanto preste muita atenção às ótimas "Rapping Blow (Part 2)" e "Way Out West", igualmente dançantes e inventivas. A referência das discotecas estadunidenses não era exclusividade na música de Blow, que foi muito influenciado por baladas soul para compor faixas como a nem-tão-boa-assim "All I Want In This World (Is To Find That Girl)", claramente calcada nos Chi-Lites, um dos grupos vocais preferidos de Blow. De forma geral, o sucesso comercial de “Kurtis” tem importância histórica evidente no cenário do rap, viabilizando contratos de long plays para gente como Run-DMC, Whodini e Fat Boys, a chamada segunda geração do gênero. O resto é história!
E não pensem que a coisa girará em torno do meu gosto pessoal, vários dos discos que passarão pela "Dicas do Melômano" nem sequer figuram nas estantes do meu cafofo, e olha que a coleção náo é pequena. Isto porque, sendo músico, e um ser pensante e "sentinte", tenho que admitir o valor artístico e estético, quando realmente existem, mesmo daquelas obras que pouco me agradam.
Vinte anos depois, a World Circuit seduzida pelo rotundo êxito de "Buena Vista Social Club" apresenta-nos "Los Heroes", um duplo álbum onde habita um espírito de improviso notável. Se os Estrellas de Areito não atingiram o êxito que se pensava, conseguiram dar novas coordenadas e liberdade para "desbloquear" a interpretação quadrada daquilo que se dançava nas salas de Havana.
Por Luís Rei em maio de 2004 Gravado no Egrem Studios, Havana, Cuba, em 1979, o álbum duplo "Los Heroes", não pode ser peça ausente na estante de qualquer melômano são. E só pra dar um gostinho aí vai a formação estelar do Estrellas de Areito: Tito Gomez, Rafael Bacallao, Teresa Garcia Caturla, Miguelito Cuni, Carlos Embale, Pio Leyva, Pepe Olmos, Magaly Tars (vozes); Nino Rivera (três cubano); Israel Perez Cuatro (); Angel Babazán, Miguel Barbón, Pedro Depestre, Pedro Hernández, Enrique Jorrin, Rafael Lay, Felix Reina, Elio Valdés (violinos), Richard Egues, Melquiades Fundora (flautas), Paquito D'Rivera (saxofone alto); Felix Chappotin, Adalberto Lara, Mirabal El Manuel "Guajiro", Arturo Sandoval, Jorge Varona (trompetes); Aguaje "de Jesus" Ramos, Juan Pablo Torres (trombones), Ruben González, Jesus Rubalcaba (piano); Fabian Garcia (bass); Tata Guines, Guillermo Garcia (congas); El Ricardo "Leon Nino" (bongôs); Gustavo Tamayo Guito (); Amadito Valdés, Filberto Sanchez (timbales).
Por Mario Medella
Atualmente mais um tijucano está entrando para a seleta roda da mpb, é o cantor, compositor, músico, produtor e poeta: Mario André, que este mês lança seu segundo álbum, "Bossa Norte", que conta com 16 canções autorais, que vão da bossa, samba e choro até o tango, blues e new age, em arranjos de extremo bom gosto, tudo isso costurado por uma voz grave e aveludada, uma voz rara no atual panorama da música brasileira. Uma voz "camaleão", que se adapta com perfeição a qualquer gênero e estilo. Mario está tão confiante em seu taco que já anuncia para o próximo álbum, "Música Popular Essencialista", que será gravado no segundo semestre de 2011 e lançado no início de 2012, se o mundo não acabar, uma guinada de 103 graus no formato e no conteúdo de suas composições. A partir do dia 7 de julho, o disco estará disponúvel para download gratuito, autorizado pelo autor, no blog especializado em música da boa: paz-e-musica.blogspot.com
E para criticar essas aberrações que inconsequentemente chamam de "cult" não é necessário ser catedrático, jornalista, músico ou cineasta, basta ter ouvidos realmente "abertos", algum senso estético e ser um amante da beleza. E sem essa que a beleza está nos ouvidos de quem ouve e nos olhos de quem vê.
Ser cult é agregar valor cultural, valor histórico e valor estético, não importando se é simples, popular, elaborado, complexo, regional, universal, urbano, rural, o que importa são os valores intrínsecos da arte presentes na obra, seja ela qual for.
Quando algo não é bem compreendido pode ser cult, quando é um tanto esquisito pode ser cult, quando parece ser bobo demais pode ser cult, quando não tem a mínima graça pode ser cult e quando não é muito observado e endeusado pela "lisergia intelectual" dos filósofos de boteco, atenção! Aí pode estar o verdadeiro cult! É como diz o meu filho, "o troço é tosco", e eu imediatamente retruco: "então deve ser cult".
Por Mario Medella
Em setembro deste ano, fazem exatos quarenta anos que o português João Ricardo idealizou o grupo Secos & Molhados, que começou com ele sozinho e acabou da mesma forma. A primeira formação do grupo não vingou, mas foi quando João conheceu Ney de Souza Pereira (o Matogrosso), Gerson Conrad e Marcelo Frias, além de outros músicos que davam suporte e também faziam arranjos, que o grupo decolou, em shows e na gravação de seu primeiro disco, que com apenas dois meses de lançado já tinha vendido mais de 300 mil cópias, uma marca até então jamais alcançada na música brasileira em tão pouco tempo. E em 1973, estourava o chamado "disco das cabeças" que ficaria marcado definitivamente na história da MPB, um trabalho verdadeiramente cult. E com suas influências roqueiras, tropicalistas, regionais e até latinas, partem para um segundo disco (1974), que não emplaca como o primeiro, apesar de ser tão bom quanto. Logo depois da gravação desse disco, a chamada "formação clássica" se dissolve no éter. Vamos reproduzir algumas palavras do João sobre o "disco das cabeças":
"Como autor, não poderia estar mais reconfortado. Sempre foi minha peça de resistência, antes mesmo de ser gravado. Todos, ou quase, foram contra a maneira como dirigi musicalmente estas canções. Era outra época onde cobranças para fazer sucesso não eram muito diferentes de hoje, mas me deixaram à vontade para fazer o que realmente queria. Diziam que eu fazia tudo errado. O som não era esse. Sidney Morais, coordenador de produção, foi à única presença da gravadora que teve a sensibilidade de me reafirmar que o som era esse. Não mude nada. É claro que todos contribuíram admiravelmente, mas discordando sempre de mim. Mesmo assim, foi a realização do garoto que forma uma banda sem qualquer componente para gravar suas musicas, estas sim, o centro da questão. Vesti-las foi um grupo, cada um com algumas pérolas definitivas como o contra-baixo de Sangue Latino criando um "riff" do instrumento, absoluto, ou as flautas, ocarinas, de bambu, junto com a percussão de Assim Assado. A única que eu menos gostava, Fala, dei para um arranjador. Passei a gostá-la mais. Há também O Vira que alguém pode achar, por ser português, ter sido o mentor do arranjo folclórico, mas não, pelo que me lembro à sugestão foi da letrista a partir do próprio título que ela deu. Enfim, falar deste disco é com citar outro clichê, desta vez pela boca do meu filho, ao se referir a ele como o seu irmão mais velho".
Quem pensa que o grupo acabou em 74, engana-se redondamente. Em 78 eles ainda fazem um certo sucesso com a canção "Que Fim Levaram Todas As Flores"; em 80 mais um disco; em 88 uma tentativa desesperada, "A Volta do Gato Preto". e praticamente sozinho como no início, João ainda lança "Teatro" (1999) e "Memoria Velha" (2000), deste último a melhor coisa do disco é sua faixa de abertura, o poema "Os portugueses deixam a língua nos trópicos", que vale a pena ser reproduzido aqui.
Um pedaço de pátria livre com minhas veias atlânticas
No mapa mestiço do meu corpo negro ou brasileiro
A mesma face enterrada no chão português da ibéria
E a mesma alma oceânica a caminho dos ventos
A mesma língua por dentro da língua falada nos espaços
Recônditos da alma morena dos antepassados recíprocos
Todos comuns ás virgens defloradas pelos homens sem cor
Que punham lantejoulas no céu de cada ventre tropical
Ao sul das lânguidas praias margens da misteriosa atlântida
Quilhas rasgando os vendavais de cada aventura sem destino
Aí nasceram as bocas astrais para os signos dos deuses
Criando a mitologia dos afogados ao leme dos tempos
Resta essa lusíada chama agora liberta nas plagas continentais
Onde fermenta o sol no sal das obtusas claridades das sombras
Gerando a palavra nos corações misturados nos abismos das raças
Onde as pirâmides assinalam os sarcófagos do meu povo
Povo triturado pelas esferas e os cata-ventos imperdoáveis
Das bruxas que urdiram o maligno feitiço do império
E agora mortas expelem nas marés as fétidas fezes da história
Uma história que é preciso começar outra vez de zero
Um pedaço de pátria livre com essa chama lusíada
Líquida chama nos lábios de um futuro sem abortos
Expressão dos ventres da gestação austral
Ou das pequeninas ilhas dos golfos crioulos
Um beijo na boca do universo um beijo africano
Principalmente africano e brasileiro
Do zero ao êxtase um beijo íngreme na boca
Das líquidas palavras da mesma língua cósmica
Será uma fusão de asas salgadas pelas marés claras
Das praias assinaladas pelas âncoras ancestrais
E a mesma viagem andrógina dos bissexos da mesma pele
Desfraldando as bandeiras miscigenadas pelas lantejoulas
Um pedaço de pátria das pátrias procriadas
No mesmo verbo ardente de lírica melodia
Cantando amanhã as palavras somadas
Pelas gentes que esta língua em si mesmo procria
Meu sangue diluído nos poros do teu ser
Esse meu estar no mundo na tua pele sem cor
Colhendo os brasis nas selvas africanas
E as áfricas semeando no reino dos algarves
Quem será esse filho do grávido futuro
Que a tua boca oferece ao beijo redimido
Fecundado pelos séculos no mesmo chão sem pátria
Das pátrias do meu verbo do teu verbo nascido
Um pedaço uma gota uma única gota
Do teu perfil mestiço projetado nos astros
Singrando mares siderais á procura de rota
Os mares os mesmo mares nunca antes navegados
Que os despojos da história voltem ao restelo
Mas que essa chama livre para sempre viva
Num pedaço de pátria múltipla pátria amada
Feita de mil pedaços da alma do meu povo
Português em macau ou brasileiro em luanda
Africano da bahia ou crioulo europeu
Quando falas eu sei que nasceste de mim
Quando em mim nascias do meu pai do teu pai
Português infeliz nas andanças andadas
Palmilhou cicatrizes no rosto do tempo
E não sabe o que fazer das encruzilhadas
Nem das cruzes que pôs nas vertentes oblíquas
Português sem o gesto da própria mão direita
Decepadas nos becos das entranhas marinhas
(poentes de navalhas em horizontes mortos)
Com a vida esvaída nas correntes submersas
Português carregando os crepúsculos pesados
De uma podre velhice para estrumar a europa
Enforca-te no mar e nos próprios cabelos
Mas não morras deitado na cama da ibéria
Português que furaste os olhos ardentes
Para veres os confins dos confins da aventura
Não desistas agora das auroras urgentes
E volta para casa para nasceres de novo
Por Mario Medella
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http://www.94fm.rj.gov.br/
Aqui, a arrecadação é feita por um escritório central, o ECAD, criado, administrado e controlado por sociedades privadas de autores musicais, como a UBC, SICAM e outras. O ECAD cobra direitos dos que usam as músicas para ganhar dinheiro com elas (rádio, TV, shows, festas, publicidade, clubes) e os repassa às sociedades, que os distribuem entre seus autores, proporcionalmente à quantidade de execuções públicas de cada música no período monitorado.
É um sistema correto e efetivo, que dá a cada um a sua parte pela utilização comercial de sua criação. Nos Estados Unidos e na Europa funciona muito bem. Se aqui há falhas, falcatruas ou ineficiência, o problema é de gestão e fiscalização, e deve ser resolvido entre o ECAD e as sociedades que representam os compositores, intermediados pela Justiça. O Estado não entende nada disso, e já morde 25% de impostos sobre direitos autorais sem tocar uma nota.
Quando se canta o velho refrão de uma sociedade arrecadadora estatal, ouve-se cabide de empregos, aparelhamento partidário, altos custos e burocracia. No mundo moderno, as sociedades de autores são empresas comerciais, que fazem tudo para ganhar o máximo de dinheiro para seus associados. Como qualquer empresa, competem no mercado, buscam eficiência administrativa, novas tecnologias, prestam contas, são auditadas, podem ser processadas e liquidadas legalmente. O que é que o Estado tem a ver com isso?
Pode soar como pleonasmo ou redundância, mas é uma evidência: quem tem a autoridade é o autor, quem criou é que decide o que se faz ou se deixa de fazer com a sua criação.
Cabe à Justiça julgar os conflitos com base na legislação (que precisa ser modernizada), e ao Estado, garantir os direitos e o cumprimento da lei. Já é muito.
Por Nelson Motta
O atual governo, o do Lula, é dono de muitas contradições. Tem acertos e erros como qualquer outro, anterior ou posterior. Mas na minha área, a de autor de canções, ele tem sido um desastre. Quem fala pela catástrofe não é o presidente, mas o ministro que ele nomeou e o ministério que está sob sua direção. Ministério da Cultura, que odeia a música brasileira, a nossa maior e mais influente bandeira, ao lado do futebol, no mundo.
O contrário, e é o que o ministério do Lula defende, é a barbárie. Imagine, Lula, o que o Gonzaguinha diria dessa investida de sua administração contra as ideias que ele defendeu com tanto ardor enquanto esteve entre nós. Depois de sete anos de idas e vindas, de ameaças, no dia do primeiro jogo do Brasil na Copa apresentaram o monstro, para que pudéssemos opinar sobre ele durante 45 dias.
Dei uma boa olhada e vi que era um monstro. Um amontoado de asneiras de incompetentes. Seus auxiliares, Lula, são cínicos, pois dizem uma coisa quando pretendem outra. São mentirosos, pois na nossa frente falam algo que desmentem a seguir. Ignorantes, chamam de taxa o direito autoral. Taxa é coisa de Estado. Direito autoral é remuneração pela utilização de
nosso trabalho. Não gostam da Constituição, por isso pensam que podem intervir em nosso direito, que é privado e não público, apesar do que diz o artigo 5º, XVIII : "a criação de associações independe de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento."
E querem criar uma autorização compulsória, contra a vontade do autor, mesmo existindo a determinação constitucional que diz que "aos autores pertence o direito exclusivo de utilizar suas obras". E eles não param por aí. O ministro e seus moçoilos da Fundação Getúlio Vargas dizem ser moderno o que pretendem.
Eles são o atraso e a barbárie. Para eles, autor nada vale. Valem as telefônicas e as empresas que querem usar as obras sem pagar. E aí eu me pergunto: para que atiçar e maltratar os artistas, em plena campanha eleitoral? Queremos apenas fazer nossa música e viver dela. Nos deixem em paz.
Por Fernando Brant