15 de julho de 2010

Quanto mais tosco, mais cult

Não sei porque cargas d'água, muita coisa na área das artes, principalmente na música e no cinema, tornam-se "cult" mesmo apresentando uma baixíssima qualidade estética e sem acrescentar absolutamente nada ao panorama artístico e cultural de suas regiões e do país. Um país tão rico em sua diversidade cultural legítima, porém, tão pobre em conceitos.

Até onde sei, aquilo que é cult deve conter um teor cultural/artístico que realmente acrescente algo e seja importante para a preservação, manutenção e evolução da forma e do conteúdo da arte de um povo. Costuma-se incluir na abrangência do termo, tudo aquilo que tenta ser "diferente" e que na maioria das vezes é chamado de alternativo, experimental ou vanguarda, como também uma espécie de chorume cultural, que segundo alguns "experts" de plantão, a coisa é tão ruim que torna-se boa.

E para criticar essas aberrações que inconsequentemente chamam de "cult" não é necessário ser catedrático, jornalista, músico ou cineasta, basta ter ouvidos realmente "abertos", algum senso estético e ser um amante da beleza. E sem essa que a beleza está nos ouvidos de quem ouve e nos olhos de quem vê.

Ser cult é agregar valor cultural, valor histórico e valor estético, não importando se é simples, popular, elaborado, complexo, regional, universal, urbano, rural, o que importa são os valores intrínsecos da arte presentes na obra, seja ela qual for.

Quando algo não é bem compreendido pode ser cult, quando é um tanto esquisito pode ser cult, quando parece ser bobo demais pode ser cult, quando não tem a mínima graça pode ser cult e quando não é muito observado e endeusado pela "lisergia intelectual" dos filósofos de boteco, atenção! Aí pode estar o verdadeiro cult! É como diz o meu filho, "o troço é tosco", e eu imediatamente retruco: "então deve ser cult".


Por Mario Medella

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