24 de abril de 2012


postado em setembro'2011
Música x Fome

A história do selo musical Putumayo World Music é a historia do seu criador: Dan Storper. Em 1973, após terminar seus estudos na Universidade de Washington em Saint Louis, onde se formou em sociologia na área de estudos latino-americanos, logo após fez uma viagem para Colômbia, Equador, Peru e Bolívia, países sobre os quais havia estudado de forma especial. Encantou-se particularmente pela beleza do vale colombiano do Putumayo, que também é nome de um rio amazônico que nasce numa reserva natural dos Andes colombianos, cruza o Equador, o Peru e desemboca no Brasil até chegar ao Rio Amazonas. Fascinado pelo artesanato da região, Dan decidiu abrir uma loja em Nova Iorque obtendo grande sucesso. Em 1985 começou a desenhar roupas com estilo indígena e passou a ter entre seus clientes Jane Fonda e Mia Farrow. A trilha sonra das lojas era basicamente de música lati e artistas americanos iniciantes e com o tempo as músicas começaram a chamar mais atenção dos clientes que a própria mercadoria exposta nas lojas.



Seis anos depois, em São Francisco, ao assistir ao concerto da banda africana Kotoja teve a idéia de lançar o selo Putumayo. Em 1997 Dan vendeu as lojas de roupa e passou a se dedicar integralmente à edição de músicas com base numa forte tendência étnica. Contratou o artista naif Nicola Heindl cujo estilo folclórico e contemporâneo inovou o mercado discográfico. Em 1998 gravou seu primeiro artista próprio, Ricardo Lemvo e em 2001 a Putumayo recebeu a sua primeira indicação para o Grammy por "Homeland" de Miriam Makeba.

A gravadora é considerada uma liderança pioneira no desenvolvimento de marketing não tradicional. Grande parte do seu público-alvo consiste em "Criativos Culturais", uma expressão sociológica de estilo de vida para 50 milhões de estadunidenses e milhões de outros ao redor do mundo. Para atingir esses consumidores, a Putumayo construiu uma rede própria composta por mais de 3.000 livrarias, lojas de presentes, cafés e outros pontos de vendas especializados que tocam e vendem seus CDs, enquanto mantém uma forte presença em lojas de discos. Segundo a vice-presidente da empresa, a brasileira Candice Vargas, "o faturamento com o mercado estadunidense é 40% do faturamento anual da empresa, outros 20% vêm da Europa, e 40% das outras regiões do mundo. Principalmente Canadá, Oceania, e América Latina". Entre seus lançamentos mais vendidos no mundo estão os CDs "Cuba", "Arabic Groove", "Music from the Coffee Lands" e "French Café".

A divisão Putumayo Kids foi criada no final de 2002 para introduzir as crianças em outras culturas através de música alegre e divertida. A série World Playground de CDs infantis e pacotes de atividades multiculturais receberam diversos prêmios.Desde 1993 a Putumayo, que faz parte do "Business For Social Responsibility, Social Venture Network" e do "Business Leaders for Sensible Priorities", doa parte de seus lucros (um por cento de suas vendas) a organizações que realizam obras nas comunidades de onde se originam as músicas editadas. Uma das instituições favorecidas é "Ação contra a Fome" (Action Against Hunger), uma organização internacional de ajuda e desenvolvimento destinada a resguardar a vida de crianças e famílias desnutridas facilitando para elas o acesso sustentável à água potável e na busca de soluções de longo prazo contra a fome. Outras entidades favorecidas são "Oxfam", "Terre des Hommes", "Search for Common Ground", "Cruz Vermelha", "Amnesty Internacional", entre outras. Mais recentemente associou-se a "Slow Food" uma instituição internacional que trata de implantar um sistema alimentar mundial baseado nos princípios de alta qualidade e sabor, sustentabilidade ambiental e justiça social. Putumayo também faz parte do Terra Madre", um fórum mundial de debates para a produção de alimentos sustentáveis do qual Frei Betto é um ativista notório.



Atualmente, a distribuição dos seus CDs se dá em mais de 50 países, incluindo o Brasil, que volta a ter uma sede regional instalada no Rio de Janeiro.

"A música existe para nos ajudar a superar problemas"
DAN STORPER

Entre os mais de 100 títulos que constam no catálogo da gravadora, pode-se encontrar canções de ilustres desconhecidos como Jamed ou Adama Yalomba e de outros artistas já consolidados como Habib Koité e Miriam Makeba. É, na verdade, um trabalho de "arqueologia sonora" comandado por Storper e por sua vice-presidente, Candice Vargas - uma baiana de Salvador, hoje radicada em Nova York. Storper passa boa parte do ano viajando. Marrocos, Costa Rica, Senegal, África do Sul e Grécia estão entre os destinos visitados. Grooves asiáticos, salsa ao redor do mundo, canções judaicas ou de lounge europeu são algumas das tendências e estilos garimpados nas visitas e que construíram a fama e o prestígio do selo.



É difícil definir o que é world music. Mas pode-se dizer que é o gênero musical da diversificação e da valorização das culturas originais de cada país. É a tendência de vanguarda nos principais centros culturais do mundo. Os mais radicais diriam que a world music é tudo aquilo que não é pop, jazz ou rock, produzido nos E.U.A e na Inglaterra.
Dentro deste conceito, o selo Putumayo inova ao quebrar as fronteiras e trazer a riqueza do blues norte-americano, bem como os sons exóticos do Oriente Médio. Mas é a África que rende grande parte do acervo musical da gravadora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário