9 de agosto de 2010

[Mitos Fritos] O xodó da MPB

Achamos de bom tom iniciarmos este artigo listando alguns hits do nosso simpático rubro negro Jorge Ben Jor:

Que maravilha
Os alquimistas estão chegando os alquimistas
Ive Brussel
Bicho do mato
A banda do Zé Pretinho
Caramba!... Galileu da Galiléia
Taj Mahal
Fio maravilha
País tropical
Mais, que nada
Chove chuva
Por causa de você, menina
Agora, ninguém chora mais
Charles, anjo 45
Xica da Silva
Cadê Tereza
Bebete vãobora
Curumim chama cunhatã que vou contar [Todo dia era dia de índio]
Oé, oé faz o carro de boi na estrada
Santa Clara clareou
Telefone
Zazueira
W Brasil
Ponta de Lança Africano
Eu Quero Mocotó


Se ouvirmos de uma tacada estas canções uma a uma, poderemos perceber com clareza a pouca ou quase nenhuma diversidade, seja no aspecto musical (rítmico/harmônico/melódico), seja na "poesia" das letras. Não sei de quem foi a "genial" idéia de rotular o estilo do Ben de Samba Rock, sei que a primeira vez que a expressão apareceu foi em 1959 no samba de Jackson e Gordurinha - Chiclete com Banana, "é o samba rock meu irmão".

A música de Ben não é uma coisa nem outra, e exatamente aí está o real mérito do compositor, ele criou uma identidade própria. Seu primeiro disco de 1963, "Samba Esquema Novo", não é Bossa Nova, não é Jovem Guarda, muito menos samba tradicional, é simplesmente Jorge Ben, apesar de influênciado por estes gêneros. É bom que se diga que o próprio Ben não endoçava o termo "samba rock": "Quando eu inventei essa batida, chamava de sacundin sacunden, depois, na época da jovem guarda, virou jovem samba, e, mais tarde, sambalanço", sinceramente prefiro assim, termos mais adequados para o swing rasgado de seu violão que emoldura suas letras simplistas e sinceras. Uma das coisas das quais não posso concordar, é a atitude de alguns colegas em relação ao músico, tratando-o como se fosse uma espécie de entidade, um gênio do swing nacional. Vamos com calma! devagar com o andor que o Jorge é de barro.

Recorrendo novamente ao meu velho amigo Rúbero Ezequias (catedrático de Berklee Jabour) que dizia: "O Jorginho deve ter umas oitocentas e doze letras que flutuam freneticamente em no máximo oito harmonias."

Por Mario Medella

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